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Ala do STF vê impacto "zero" de eventual mudança no foro privilegiado sobre caso Bolsonaro

Proposta voltou a ser discutida nas conversas entre lideranças partidárias que dera fim à ocupação da mesa diretora do plenário da Câmara

Decisão foi tomada por 10 votos a 1 pelo Supremo Tribunal FederalDecisão foi tomada por 10 votos a 1 pelo Supremo Tribunal Federal - Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Uma eventual mudança nas regras do foro por prerrogativa de função não deve ter impacto no caso envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pode ser derrubada caso o Supremo Tribunal Federal (STF) seja acionado por meio de algum partido político. A avaliação é de parte dos integrantes da Corte ouvidos pelo Globo reservadamente.

Uma ala de ministros do STF aposta que a tentativa de desenterrar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) parada desde 2019 para alterar o foro por prerrogativa de função dificilmente avançará, representando apenas um discurso político. Essa PEC voltou a ser discutida nas conversas entre lideranças partidárias que dera fim à ocupação da mesa diretora do plenário da Câmara.

Para um magistrado, é provável que os parlamentares sejam alertados de que passarão a ser processados em "dezenas ou centenas de comarcas".

No caso envolvendo Bolsonaro, um ministro avalia como "zero" a chance de qualquer mudança promovida pelo Congresso impactar no julgamento da trama golpista, que já está na fase final e quase pronto para ser julgado pela Primeira Turma.

 

Na semana que vem, vence o prazo para que as defesas de Bolsonaro e outros seis réus entreguem ao Supremo as últimas considerações no processo antes de que sejam julgados e a corte decida se serão absolvidos ou condenados. Na avaliação de integrantes da Corte, não haveria nem mesmo tempo hábil de uma modificação impactar o julgamento que está previsto para setembro.

Ministros lembram ainda que a recente alteração promovida pelo Supremo foi aprovada por maioria de votos e que o entendimento teve como objetivo adequar situações ambíguas.

Em março deste ano, a Corte definiu que investigações envolvendo autoridades como ministros de Estado e parlamentares devem permanecer no STF mesmo após o fim do mandato, desde que os crimes em apuração tenham sido cometidos no exercício do cargo ou em razão dele.

Nesta semana, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao STF que a decisão de ampliar o alcance do foro privilegiado não seja aplicada a processos penais que já estejam em fase final de tramitação. O órgão afirma que a nova tese da Corte pode gerar atrasos, nulidades e instabilidade, caso não sejam fixados limites objetivos para sua aplicação

Embora a mudança tenha sido justificada como uma forma de evitar manobras de políticos para escapar da jurisdição do Supremo, a PGR argumenta que a nova regra, se aplicada de forma automática, pode produzir os mesmos efeitos que buscava evitar, como deslocamentos sucessivos de competência, descontinuidade processual e prescrição.

Nesta semana, integrantes do PL — partido do ex-presidente Jair Bolsonaro — levaram ao Supremo um "pacote de paz", prevendo que processos de autoridades, incluindo os de Bolsonaro, deixassem de começar diretamente no STF.

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