Após decidir pela demissão, Juscelino diz que não quer criar constrangimento ao governo
Ministro deve entregar carta ainda nesta terça-feira; auxiliar de Lula também sinaliza que irá se concentrar em sua defesa
Denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR), o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, afirmou nesta terça-feira à ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que deixaria o cargo para não criar constrangimento ao governo.
O ministro também afirmou que irá se concentrar em sua defesa.
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Em reunião, Juscelino também pontuou que pediria afastamento para não comprometer o trabalho à frente do ministério.
Segundo interlocutores, a decisão do ministro foi espontânea.
A posição de Juscelino foi comunicada a Gleisi em almoço na casa do presidente do União Brasil, Antônio Rueda.
Também estavam o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas. Juscelino deve entregar carta de demissão ainda nesta terça-feira.
O encontro já estava marcado para discutir a situação da legenda no governo no cenário de reforma ministerial.
Ficou combinado que o partido vai indicar um outro nome para o lugar de Juscelino.
Nesta terça-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Juscelino Filho por suspeita de desvio de emendas parlamentares no período em que era deputado federal.
A acusação foi apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que vai decidir se torna o ministro réu.
Em nota, Juscelino afirmou que é inocente e que confia na Corte para rejeitar a denúncia.
É a primeira denúncia apresentada pela PGR contra um integrante do primeiro escalão da gestão Lula neste mandato.
O relator do caso no STF é o ministro Flávio Dino, que foi colega de Juscelino na Esplanada quando ocupou a pasta da Justiça. A denúncia está sob sigilo.
Em junho do ano passado, Juscelino foi indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Em declaração na época, Lula defendeu o direito de o auxiliar "provar que é inocente", mas disse que ele perderia o cargo caso as investigações avançassem.
— O que eu disse para ele: só você sabe a verdade. Se o procurador indiciar (denunciar), você sabe que tem que mudar de posição.
Enquanto não houver indiciamento (denúncia), ele fica como ministro. Se houver indiciamento (denúncia), ele será afastado — afirmou o presidente duas semanas após a PF apresentar o relatório apontando os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

