Bolsonaro critica governador após dizer que seus eleitores poderiam ir 'para a vala': "Barbárie"
Ex-presidente afirmou que a declaração de governador foi 'cheia de ódio'
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu nesta segunda-feira a uma fala do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PL), que disse que seus apoiadores poderiam ir todos "para a vala". Em postagem nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que o baiano fez um discurso carregado de ódio.
"Esse discurso vindo de uma autoridade não apenas normaliza o ódio como incentiva o pior: a violência política, o assassinato moral e até físico de quem pensa diferente. É a institucionalização da barbárie como verniz da 'liberdade de expressão progressistas'", disse.
O ex-presidente usou o episódio para dizer que seu grupo político vem sendo alvo de perseguição. ""Em qualquer cenário civilizatório deveria gerar repúdio imediato e ações institucionais firmes, mas nada aconteceu (...) Agora imagine se um apoiador de Bolsonaro dissesse algo remotamente parecido, ou usassse a palavra 'vala' em qualquer contexto. Seria prisão", afirmou.
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A fala ocorreu enquanto o governador criticava o ex-presidente por sua conduta durante a pandemia de Covid-19 durante a inauguração da Escola Estadual Nancy da Rocha Cardoso, em América Dourada, no Centro-Norte do estado, na última sexta-feira.
— Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia, sentindo falta de ar. Ele vai pagar essa conta dele, e quem votou nele podia pagar também a conta — afirmou Jerônimo.
Em seguida, elevou o tom:
— Bota uma enchedeira. Sabe o que é? Uma retroescavadeira. Bota e leva tudo para a vala.
A declaração provocou forte reação entre parlamentares da oposição. O deputado estadual Diego Castro (PL) protocolou uma representação no Supremo Tribunal Federal (STF), alegando que o governador extrapolou os limites do discurso político e utilizou o cargo institucional para atacar adversários. Já o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) acionou a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Pedido de desculpa
Nesta segunda-feira, em entrevista à imprensa durante visita as obras do Teatro Castro Alves em Salvador, afirmou que é contra a violência e que teve sua fala distorcida.
— Nós criticamos a forma que alguém deseja a morte do outro. Eu sou uma pessoa religiosa, de família, e não vou nunca tratar qualquer opositor com um tratamento deste. Foi descontextualizada (a declaração) — disse.
O governador ainda pediu desculpas, caso tenha ofendido os apoiadores do ex-presidente:
— Eu apresentei minha inconformação de como o país estava sendo tratado e dei o exemplo da pandemia (...) se o termo vala foi pejorativo ou forte, eu peço desculpas. Não tenho problemas em registrar se houve excessos na palavra. Não houve intenção nenhuma de desejar a morte de ninguém.

