Bolsonaro precisa decidir este ano se quiser Tarcísio como candidato a presidente, diz Ciro Nogueira
Presidente do Progressistas já avisou ao ex-presidente que estratégia de se manter na briga vai levar um dos filhos ao pleito contra Lula em 2026
O senador Ciro Nogueira, presidente do Progressistas e um dos principais articuladores do Centrão, alertou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de que a sua estratégia de se apresentar como candidato, mesmo estando inelegível, deve levar um de seus filhos, o senador Flávio ou o deputado Eduardo, a disputar contra Lula (PT) em 2026.
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Segundo ele, para que os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, ou Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, se tornem alternativas viáveis, ele precisa decidir o seu apoio ainda este ano.
— A definição do candidato cabe ao presidente Bolsonaro. Já disse pra ele: se ele tiver que apoiar o governador Tarcísio ou Ratinho, ele tem que decidir este ano.
Se insistir no próximo ano, quem vai ser candidato é ele ou um dos seus filhos — afirmou o aliado, nesta quarta-feira (26), na saída de um seminário do banco BTG Pactual em que debateu com Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara que almeja a presidência do PT.
Tarcísio vem negando publicamente a possibilidade de ser candidato a presidente em 2026, mas tem sido pressionado por atores políticos e do mercado financeiro diante do nível de desaprovação do atual governo.
Para o senador, contudo, apresentar-se como candidato sem o aval de Bolsonaro "seria fatal" para qualquer postulante ao cargo na direita.
Decidir antes destrava a articulação política, que envolve partidos que hoje estão no governo Lula como PP, PSD, Republicanos, MDB e União Brasil.
— O Tarcísio só é governador de são Paulo por conta do apoio de Bolsonaro, por conta o trabalho que ele fez no Ministério da Infraestrutura do nosso país. A gratidão tem que ser enaltecida, e ele tem que respeitar porque ele jamais pode ser candidato com traidor do Bolsonaro. Isso aí seria fatal.
Bolsonaro ainda enfrenta denúncia do Ministério Público de que teria liderado uma tentativa de golpe de Estado após a eleição passada.
Caso a denúncia seja aceita, o ex-presidente se tornará réu no Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do estado democrático de direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Em aceno ao ex-chefe, Tarcísio declarou ontem que a acusação "não faz sentido nenhum" e criticou um suposto "revanchismo" contra Bolsonaro.
Apesar do conselho de Nogueira, Bolsonaro manteve a candidatura em aberto em entrevistas esta semana. O ex-presidente afirmou à rádio CBN Recife, por exemplo, que "só eu morto vão saber outro candidato" e que "o número 1 e o número 2 são Bolsonaro".
Neste cenário, eventual registro de candidatura seria barrado na Justiça, obrigando a colocar outro nome em jogo. O próprio senador já declarou anteriormente, porém, que Flávio e Eduardo "seriam dois grandes candidatos" e que particularmente "gostaria de votar em um Bolsonaro".

