Boulos deve assumir ministério e reforça isolamento do Centrão
A possível nomeação é interpretada por aliados como uma tentativa de fortalecer a presença digital e o diálogo com movimentos sociais, áreas em que o governo tem encontrado dificuldades
Na mais recente movimentação da reforma ministerial promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) surge como forte candidato a assumir a Secretaria-Geral da Presidência da República (SGPR). A pasta, atualmente ocupada por Márcio Macedo, tem sido alvo de críticas por sua baixa efetividade, especialmente na interlocução com a sociedade civil e nas redes sociais.
A possível nomeação é interpretada por aliados como uma tentativa de fortalecer a presença digital e o diálogo com movimentos sociais, áreas em que o governo tem encontrado dificuldades. Boulos, fundador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), possui histórico de engajamento social e forte presença nas plataformas digitais, características que o colocam como peça-chave nesse novo desenho político.
A mudança, no entanto, reforça uma tendência percebida nos bastidores de Brasília: a reforma ministerial privilegia figuras alinhadas à esquerda, em detrimento de representantes do Centrão. O grupo de partidos de centro-direita tem demonstrado insatisfação com a falta de espaço nas recentes articulações do Governo, o que acende um alerta para a formação de um bloco opositor mais consolidado, um risco real para Lula às vésperas do início da corrida pela reeleição em 2026.
No interior do Palácio do Planalto, a indicação divide opiniões. Uma ala vê na chegada de Boulos uma medida técnica e temporária, com foco em reestruturar a SGPR. Essa leitura presume que o deputado abriria mão de disputar uma vaga na Câmara nas próximas eleições. Por outro lado, há quem enxergue a manobra como uma aposta estratégica. Ao integrar o primeiro escalão nacional, Boulos ganharia musculatura política para disputar o governo de São Paulo em 2026 com o aval direto do presidente.
Se confirmada, a troca no comando da Secretaria-Geral deve ser oficializada por Lula após seu retorno da visita oficial à China. A nomeação consolidaria o realinhamento do governo com a esquerda e evidenciaria o afastamento progressivo do Centrão da base governista.

