Ciro Gomes diz que prefeita recrutava "moças pobres para serviço sexual sujo" de Camilo Santana
Janaína Farias afirma ter sido 'atacada covardemente' por ex-governador 'misógino' e defende ministro da Educação
Ex-senadora e atual prefeita de Crateús, no Ceará, Janaína Farias disse ter sido "atacada covardemente" pelo ex-governador do estado Ciro Gomes (PDT). O ex-presidenciável participou na sexta-feira do aniversário do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio e, num discurso a apoiadores, fez ataques contra lideranças cearenses do PT.
No discurso, filmado e publicado nas redes sociais, Ciro Gomes citou diretamente o deputado federal José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara; o ministro da Educação, Camilo Santana; e Janaína Farias, que atuou como suplente de Camilo no Senado. Sem apresentar provas, o político disse que "as delegacias de educação estão loteadas pelo senhor da cueca, que também quer ser senador do Ceará", numa referência implícita a Guimarães. E emendou ataques a Santana e Janaína.
— Também, pudera, a pessoa que recrutava moças pobres, de boa aparência, para fazer o serviço sexual sujo do seu Camilo Santana virou senadora do Ceará. Agora é prefeita num município do Ceará. E isso é um desafio para o qual os meus queridos amigos estão me chamando para encarar. É para eu encarar? Eu vou encarar — destacou Ciro, que não detalhou as acusações.
Em conversa com jornalistas, Ciro não deixou claro a que cargo deve concorrer no próximo ano. Não cravou, como sugere seu discurso, que disputaria novamente o governo do Ceará. Ele se disse disposto a enfrentar "qualquer desafio" pelo grupo da oposição.
Leia também
• Ciro Gomes negocia volta ao PSDB para concorrer ao governo do Ceará
• Ciro Gomes reage à ação da AGU com novas críticas a Lula: 'Maior agente dos agiotas'
Janaína Farias foi assessora especial de Camilo Santana em seus dois mandatos como governador do Ceará. No Ministério da Educação, ela foi secretária de Gestão da Informação e Inovação. Em nota publicada no Instagram, a prefeita disse que Ciro Gomes é conhecido "por agredir moralmente as pessoas e, principalmente, as mulheres".
"Um misógino que, cada vez mais, diante de seu fracasso político, busca atingir a honra das pessoas, de forma irresponsável e inconsequente", afirmou.
A prefeita afirmou que, ao longo de 17 anos de trabalho ao lado de Santana, conviveu com "um homem de coração enorme, que sempre cuidou bem do povo e que só pensa em ajudar". Ela destacou que o aliado lhe deu a oportunidade de ser senadora, como suplente, e afirmou ter o apoio dele hoje para liderar o Executivo de Crateús.
Camilo Santana ainda não se manifestou sobre as fala de Ciro Gomes.
Em maio, Ciro Gomes esteve na Assembleia Legislativa do Ceará ao lado de deputados da oposição, incluindo nomes do PL e do União Brasil. No encontro, chegou a afirmar que aceitaria “ir para o sacrifício” e disputar novamente o governo estadual. A fala, contudo, foi vista como uma provocação mais retórica do que uma candidatura real. Em entrevista coletiva posterior, Ciro declarou apoio a Roberto Cláudio como o nome mais viável do grupo para disputar o Palácio da Abolição.
Ciro também anunciou apoio ao deputado bolsonarista Alcides Fernandes (PL) para o Senado.
Nos bastidores do PDT, a saída do próprio Ciro Gomes é tratada como uma questão de tempo. Ele recebeu convites formais para se filiar ao União Brasil e ao PSDB, que atualmente negocia uma fusão com o Podemos. O ex-senador Tasso Jereissati é um dos principais entusiastas de sua ida para o ninho tucano.
Apesar do convite, há entraves regionais: no Ceará, o Podemos é comandado por Bismarck Maia, pai do atual secretário de Turismo do governo Elmano, Eduardo Bismarck.
Por outro lado, a movimentação dos aliados de Ciro já é criticada por integrantes da legenda. Parte dos dirigentes afirma que o grupo deveria permanecer no PDT, especialmente após o partido ter assumido posição ao lado de Ciro no racha com Cid Gomes, no final de 2023.
O rompimento entre os irmãos teve como ponto central a aliança com o PT. Enquanto Cid se reaproximou da base lulista e hoje é aliado do governo federal no Senado, Ciro manteve sua linha de oposição aberta, tanto em nível estadual quanto nacional.

