Ciro Gomes prestigia evento de direita e defende construção de "sólida" alternativa a Lula
Em discurso, ex-governador do Ceará clamou por 'ato de gravitação universal' para 'tirar o Brasil deste desastre'
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Em negociações avançadas para deixar o PDT e se filiar ao PSDB, Ciro Gomes participou nesta terça-feira do evento que selou a federação entre União Brasil e PP. Mesmo ocupando quatro ministérios no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a reunião contou com a presença de figuras conhecidas da direita nacional e discursos de vários governadores de oposição, inclusive com citações diretas contra o petista já visando à eleição presidencial de 2026.
Em discurso, o ex-presidenciável defendeu a construção de uma aliança que vá da centro-esquerda à centro-direita para enfrentar o bloco governista e, nas palavras dele, "tirar o Brasil deste desastre".
— Façam desse gesto, dessa iniciativa, um ato de gravitação universal. Ou seja, chame tudo que o brasileiro pode oferecer do centro-esquerda a centro-direita para nós tirarmos o Brasil deste desastre — disse Ciro, ao criticar o desempenho da economia brasileira.
O evento contou com discursos de governadores cotados como opção presidencial para o ano que vem. Chefe do Executivo paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos) adotou um tom nacionalizado e disse que a nova federação representa uma "transformação para o Brasil". Evitou, porém, mencionar diretamente o processo eleitoral. Já Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás, foi mais direto e disse que a "a solução é derrotar Lula na eleição de 2026".
Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal, também criticou Lula, assim como o presidente do PP, Ciro Nogueira, ex-ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro. O evento reuniu outros integrantes da oposição, como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), que inclusive pediu aplausos para Bolsonaro ao final do discurso.
No evento, Ciro Gomes não cravou a que cargo concorrerá em 2026, mas clamou por alternativas "sólidas" a Lula.
— Este é o momento de consultar as bases. O cargo para o qual vou concorrer ainda é incerto, mas queremos construir uma alternativa política sólida para o Brasil — destacou.
O ex-presidenciável citou o aumento da inadimplência no setor do agronegócio e voltou a mencionar os brasileiros "humilhados" no Serviço de Proteção de Crédito, uma de suas principais bandeiras na última corrida à Presidência. O PSDB mira Ciro em busca do voto bolsonarista.
No momento em que o ex-ministro reforça ataques ao PT, os tucanos afirmam que o projeto é a candidatura ao governo do Ceará, comandado por ele entre 1991 e 1994 quando integrava as fileiras do partido, desta vez como opção de voto para a base de Jair Bolsonaro.
A sigla evita falar, por ora, em voo presidencial, depois de o ex-ministro ter amargado o terceiro lugar no Ceará no primeiro turno na última corrida. O acordo para a candidatura, dizem dirigentes ouvidos pelo GLOBO, passa também por impulsionar a eleição de deputados federais. Em 2022, o PSDB ficou sem nenhum parlamentar eleito pelo Ceará.

