CPMI do INSS: governo vai trabalhar para influenciar em escolha de integrantes, se comissão for adia
Para aliados do presidente, oposição tentará associar a Lula aos descontos indevidos
Com a possibilidade cada vez maior de o Congresso Nacional instalar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar descontos irregulares em aposentadorias e pensões no INSS, o Palácio do Planalto já avalia estratégias para tentar ter voz no colegiado.
O governo trabalhará para influenciar na indicação de integrantes da comissão e afastar a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dos desgastes gerados pelos fatos investigados pela comissão.
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Articuladores políticos de Lula querem influenciar no maior número possível de integrantes da CPMI.
Os senadores e deputados que compõem o grupo são indicados pelos líderes de partidos na Câmara e no Senado.
Aliados de Lula já dão como certa a abertura da comissão, afirmam que não é mais o caso de trabalhar pela retirada de assinaturas e dizem ser preciso ter uma comissão "equilibrada" em relação ao número de integrantes da oposição, com parlamentares que tenham isenção e conhecimento técnicos sobre o INSS.
Para aliados do presidente, a oposição tentará associar a Lula aos descontos indevidos feitos por entidades de aposentados aos beneficiários do INSS, enquanto parlamentares próximos ao petista trarão o argumento de que foi o governo, com Polícia Federal e Controlaria-Geral da União (CGU), que trouxe o escândalo à tona e interrompeu os desvios.
Um dos pontos principais será tirar da conta política de Lula qualquer atraso ou demora em revelar o escândalo. Outra estratégia que já vem sendo desenhada é de que Lula não sabia das fraudes e que as irregularidades ocorriam "no andar de baixo" e iniciaram na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O governo também aposta na relação próxima que vem mantendo com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para que a composição dos membros do colegiado não seja tomada por integrantes da oposição e vire palco de desgaste da gestão petista.
Lula e Alcolumbre viajaram três vezes juntos nas últimas semanas, para Japão, Vaticano e China. O petista tem buscado contemplar Alcolumbre em indicações políticas e costurou a troca o comando do Ministério das Comunicações, com a saída de Juscelino Filho e a entrada de Frederico de Siqueira Filho, diretamente com Alcolumbre.

