Cúpula do PL quer ouvir Bolsonaro na próxima semana para definir estratégia no Congresso
Objetivo é buscar orientações mais claras sobre as articulações da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que restringe o foro privilegiado e da anistia aos envolvidos nos atos de 8/1
Dirigentes do PL querem ser recebidos o quanto antes pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que está em prisão domiciliar por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Já autorizados por Moraes a visitar Bolsonaro, o vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (RJ), e o secretário-geral do PL, o senador Rogério Marinho (RN), que tiveram as suas idas à casa do ex-mandatário agendadas para o final do mês, tentam autorização judicial para estar com ele antes disso, ainda na próxima semana.
As informações foram confirmadas por eles, que tentam antecipar a decisão de Moraes e estão previamente autorizados a estar com Bolsonaro na semana do dia 25.
Com a antecipação, os dois esperam ter orientações mais claras sobre a atuação da bancada em defesa de temas como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que restringe o foro privilegiado e a anistia aos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro.
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O pedido por orientação ocorre depois de indisposições acumuladas com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), por causa da obstrução feita ao plenário das suas Casas na última semana.
Marinho e Altineu foram autorizados a visitar Bolsonaro após o próprio ex-presidente ter pedido para recebê-los. Embora os principais interlocutores de Bolsonaro no Congresso já tenham autorização para estar com ele — o seu filho primogênito, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), já havia sido autorizado anteriormente —, o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, ainda não recebeu o aval para visitá-lo.
Em decisão assinada no último dia 12, Moraes permitiu as visitas, além de Marinho e Altineu, do vice-prefeito de São Paulo, Ricardo Augusto Mello Araújo (PL), e do deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos-SP) – que haviam sido solicitadas pela defesa do ex-presidente.
Michelle é procurada
Diante da impossibilidade de ter contato com Bolsonaro, as lideranças do PL têm recorrido ainda mais à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como interlocutora. Diariamente na sede do partido, onde comanda o PL Mulher, ela tem recebido perguntas e passado orientações aos líderes da sigla. Michelle também tem levado mensagens de apoio ao ex-presidente. Michelle retomará as viagens pelo PL Mulher nesta sexta, em Natal. A presença dela ao lado dos líderes da legenda tem como objetivo mostrar que a família segue atuante, mesmo diante das recentes decisões. A tônica dos discursos deve continuar a mesma para a militância, com ênfase em supostas perseguições impostas por Moraes.
Um levantamento feito pelo blog da jornalista Malu Gaspar com base nas petições protocoladas no Supremo constatou que Moraes até aqui, 34 dos 64 pedidos de visita a Jair Bolsonaro. Parte dos 30 pedidos que não foram autorizados já foram negados ou desconsiderados pelo ministro, sob a justificativa de não terem sido formalmente apresentados pela defesa de Bolsonaro, e sim pelos próprios interessados. Outra parte ainda não foi analisada, como é o caso das solicitações feitas na última quarta-feira (13) pelo senador Jorge Seif (PL-SC) e pelos deputados federais Osmar Terra (PL-RS) e Marco Feliciano (PL-SP).

