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1º de Maio

CUT aprova ato paralelo no ABC e será apenas "convidada" no 1º de Maio das centrais sindicais e

Divisão traz dúvidas sobre o apelo de público após evento esvaziado em Itaquera, no ano passado, que levou a críticas de Lula

Lula em discurso a metalúrgicos em São Bernardo do Campo na campanha eleitoral de 2022 Lula em discurso a metalúrgicos em São Bernardo do Campo na campanha eleitoral de 2022  - Foto: Miguel Schincariol/AFP

Sindicatos ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) na região do ABC paulista aprovaram, no começo desta semana, a realização de ato próprio do 1º de Maio em São Bernardo do Campo (SP), berço político do presidente Lula (PT).

A iniciativa divide o foco de outro evento marcado para a data em São Paulo, na Praça Campo de Bagatelle, na Zona Norte, convocado pelas demais centrais.

É a primeira vez em seis anos que as atividades são discutidas separadamente. No ano passado, o ato esvaziado no estacionamento do estádio do Corinthians, em Itaquera, desagradou o petista.

Em novo folheto repassado pela Força Sindical, a CUT aparece como “convidada” no evento da capital paulista, enquanto, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e Pública figuram como entidades realizadoras.

Na prática, a militância da CUT seria bem-vinda e seus dirigentes podem discursar no evento, mas ele não deve ter o mesmo apelo interno de outras ocasiões.

— É lógico que estamos organizando (o evento do ABC), mas a gente está tratando como um 1º de Maio regional dos sindicatos da região do Grande ABC — pondera o presidente da CUT-SP, Raimundo Suzart, que representa a categoria dos químicos.

A nomenclatura tem dupla função. Além de manter o discurso de que as centrais sindicais continuam unificadas, apenas atuando de forma separada fora da capital paulista, evita que se tenha de convidar o governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Será chamado apenas o prefeito de São Bernardo do Campo, Marcelo Lima (Podemos), que já cedeu autorização para o ato do 1º de Maio no Paço Municipal, parque localizado na região central da cidade.

A ideia é abrir para discursos políticos e atrair os trabalhadores com programação musical.

Outra entidade mobilizada para o ato é o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde o presidente Lula iniciou a sua carreira política.

Apesar disso, a presença do presidente ainda não está confirmada, somente a de personalidades ligadas ao setor como o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o deputado federal Vicentinho, ambos do PT.

A mobilização em São Bernardo do Campo seria a primeira desde 2018, quando houve uma passeata.

Ainda assim, dirigentes sindicais justificam que eventos díspares contribuem para a pauta dos trabalhadores e que o importante agora não seria realizar um único evento, mas adotar a mesma agenda.

Ontem, as centrais sindicais lançaram um slogan único, "Por um Brasil mais justo: Solidário, Democrático, Soberano e Sustentável", e uma pauta conjunta que envolve redução da jornada de trabalho, fim da carestia, isenção do Imposto de Renda (IR) até R$ 5 mil, menos juros e igualdade salarial entre homens e mulheres.

No dia 29 de abril, as entidades devem ainda antecipar uma plenária em Brasília (DF), como forma de chamar a atenção para o 1º de maio.

Os sindicalistas querem entregar um documento a Lula e aos líderes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Aloysio Corrêa da Veiga.

Sorteios de volta
Como mostrou o Globo, além de shows, o evento na capital paulista deve retomar a prática de sorteios para alavancar o público.

Representantes sindicais envolvidos nas conversas apontaram que esse ponto tem sido motivo de controvérsia com a CUT.

Oficialmente, os sindicatos do ABC dizem que o 1º de Maio próprio aproxima os trabalhadores da região e que se tornou muito custoso deslocar até a capital para participar da festa.

Lula criticou publicamente o público abaixo do esperado no evento do ano passado, no estacionamento do estádio do Corinthians, em Itaquera.

Fotos aéreas viraram munição para opositores, que aproveitaram para ironizar a popularidade do governo.

O recado do petista no palco foi direcionado a Márcio Macêdo, secretário-geral da Presidência, que está com o cargo na berlinda na reforma ministerial.

Parte dos sindicalistas promete cobranças públicas ao governo federal, mesmo em um momento de impopularidade de Lula.

O grupo critica a agenda econômica, a falta de diálogo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a atuação de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central.

Os sindicatos ainda pegarão carona na proposta de emenda à Constituição da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que prevê o fim da escala de seis dias trabalhados para um dia de folga, conhecida como PEC 6X1.

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