Sex, 05 de Dezembro

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ROMA

Defesa de Zambelli pede que deputada aguarde extradição em liberdade após Itália manter prisão

Deputada federal deve permanecer na penitenciária feminina de Rebibbia, em Roma

Carla ZambelliCarla Zambelli - Foto: Lula Marques/ EBC

A embaixada do Brasil na Itália informou nesta sexta-feira que a defesa da deputada federal Carla Zambelli apresentou um pedido para que ela espere o processo de extradição em liberdade. O pedido, segundo a reprsentação brasileira, deve ser analisada em meados de agosto.

Após Zambelli ser presa na última terça-feira, a Justiça italiana confirmou hoje que ela continuará detida na penitenciária feminina de Rebibbia, na periferia de Roma. A informação foi confirmada pela representação diplomática e por integrantes da Polícia Federal.

Durante a audiência de custódia, Zambelli, que tem cidadania italiana, afirmou que não pretende retornar ao Brasil e quer passar por um novo julgamento na Itália. A sessão foi conduzida pelo juiz italiano Aldo Morgigni, da Corte de Apelação de Roma. Ela estava acompanhada do advogado italiano Pieremilio Sammarco.

Considerada pela Polícia Federal como foragida, Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por falsidade ideológica e invasão cibernética ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) - o que motivou o seu pedido de extradição apresentado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A defesa da deputada e o Partido Liberal acionaram autoridades italianas para tentar barrar a extradição. Após a audiência de custódia, o processo segue agora para a Corte de Apelação de Roma, onde a Justiça italiana e os advogados de Zambelli apresentarão seus argumentos. A decisão ainda pode ser contestada na Corte de Cassação, instância máxima do Judiciário italiano.

Mesmo com aval do Judiciário, a palavra final cabe ao Ministério da Justiça da Itália, que pode negar a extradição por motivos políticos. O atual governo italiano, liderado por Giorgia Meloni, tem afinidade ideológica com setores da base de apoio de Zambelli, o que pode pesar na análise final do caso. Em caso de autorização da extradição, a defesa ainda poderá recorrer à Justiça administrativa, em instâncias como o Tribunal Administrativo Regional e o Conselho de Estado.

Especialistas avaliam que o processo pode se estender por até dois anos, embora exista a possibilidade de Zambelli ser solta antes, especialmente se houver entraves de natureza política. Casos de extradição costumam envolver disputas prolongadas e forte influência de interesses governamentais — como ocorreu no Brasil durante o processo envolvendo Cesare Battisti.

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