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RIO GRANDE DO SUL

Eduardo Leite e Paulo Pimenta travam embate por documentário das enchentes no RS

Carros submersos em um estacionamento inundado em Porto AlegreCarros submersos em um estacionamento inundado em Porto Alegre - Foto: Carlos Fabal/AFP/arquivo

A decisão da Secretaria de Comunicação do Rio Grande do Sul de produzir um documentário sobre as enchentes que atingiram o estado no ano passado gerou novos atritos entre o governador Eduardo Leite (PSD) e o PT. Como antecipado pela colunista Bela Megale, o partido acionou a Justiça, alegando que o governador estaria utilizando recursos da reconstrução para fins de autopromoção, com possíveis interesses nas eleições de 2026.

Após o ingresso da ação no Tribunal de Justiça do RS, o deputado federal e ex-ministro da Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, assumiu protagonismo na repercussão do caso. Ele também acionou o Ministério Público pelo mesmo motivo, reacendendo um desgaste político que já vinha se formando.

Pimenta tem classificado a iniciativa como um “escândalo”.

— Imagina se eu, como ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, tivesse produzido um documentário comigo e com o Lula sobre nossas ações no Rio Grande do Sul? O que Leite fez é um escândalo — afirmou o ex-ministro.

De Nova York, onde cumpre agenda, Leite respondeu às acusações, afirmando estar “absolutamente tranquilo” quanto ao conteúdo e à legalidade do documentário.

— Foi uma iniciativa da Secretaria de Comunicação para apresentar o que foi desenvolvido pelo governo no enfrentamento da calamidade, naquele momento crítico. A oposição está fazendo o papel dela, e nisso o PT tem experiência. Tudo bem, faz parte do processo. Nenhum recurso da reconstrução foi utilizado. Tudo será devidamente esclarecido — declarou à imprensa.

Em nota oficial, o governo do estado reforçou a fala do governador e garantiu que verbas destinadas à reconstrução não foram aplicadas na produção. Segundo a Secretaria de Comunicação, os R$ 28 milhões mencionados pelo ex-ministra referem-se a uma campanha de retomada do turismo no estado, e não ao documentário. A pasta ainda informou que todos os recursos usados vieram do orçamento da própria Secom, e que o material foi produzido por servidores do departamento de jornalismo.

A disputa entre Leite e o PT não é recente. Desde dezembro, a bancada petista e o governador trocam farpas sobre o legado da reconstrução. No mês passado, ao se completar um ano das chuvas, parlamentares do PT acusaram o governo estadual de demora na apresentação de projetos de obras de contenção ao governo federal. Leite rebateu, classificando as críticas como um “ataque desonesto”.

Em dezembro, deputados do PT chegaram a afirmar que, após a tragédia, quem de fato teria governado o estado foi o presidente Lula.

Na ocasião das chuvas, já havia atrito entre Leite e Pimenta em razão da escolha do agora deputado para conduzir os esforços federais de reconstrução. Um dos primeiros pontos de divergência foi a proposta de construção de cidades provisórias para abrigar os desabrigados, defendida e implementada pelo governo estadual. Em contrapartida, Pimenta defendeu, em maio, o repasse direto de recursos às vítimas como alternativa para resolver o problema.

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