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Em meio à crise com os EUA, Lula reforça discurso de soberania nacional

Durante evento em Sorocaba (SP), presidente também afirmou que "o rico não precisa de mim, quem mais precisa é o pobre"

Lula discursa em eventoLula discursa em evento - Foto: Ricardo Stuckert/PR

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar nesta quinta-feira as ações do governo americano contra o Brasil. Sem citar o presidente Donald Trump, que tem pressionado o Judiciário brasileiro em um gesto de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o petista, que esteve em Sorocaba (SP), fez um discurso com uma defesa enfática da soberania nacional.

— A palavra correta não é governar, é cuidar. Eu quero cuidar desse país, para que o governo americano não dê palpite, porque aqui cuidamos nós — afirmou Lula durante cerimônia para a entrega de 400 novas Unidades Odontológicas Móveis.

O presidente americano anunciou a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros no início de julho e atribuiu a decisão, em parte, às investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado que é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Já em vigor, a medida levou o governo brasileiro a anunciar ações de auxílio aos exportadores afetados.

Em outro momento, Lula também voltou a falar que o foco do seu governo é o cuidado com os mais pobres. Em uma metáfora com uma mãe com vários filhos, o presidente pontuou que a matriarca sempre vai cuidar do mais fragilizado.

— Não tem nada que pareça mais com o governo do que uma mãe cuidadosa. E ela pode ter dez filhos, mas sempre vai dar um chamego maior para aquele que tem problema de saúde, que tem a lombriguinha. E é assim que a gente precisa governar: o rico não precisa de mim, quem mais precisa é o pobre desse país — disse.

Lula encerrou a fala sinalizando a vontade de concorrer a um quarto mandato e reclamando da divulgação de notícias falsas, pontuando que é preciso que a população aprenda a separar “o joio do trigo”.

— Tem uma mentira que eu já morri, que eu sou um clone. Eu já sou o quinto Lula. Deus queira que eu seja o quinto, o sétimo, o décimo Lula. Eu quero viver até os 120 anos. Um mandato do Lula incomodou muita gente, dois muito mais, três muito mais ainda. Imagina se tiver o quarto mandato, então se preparem — concluiu.

O presidente esteve em Sorocaba (SP) para a entrega de 400 novas Unidades Odontológicas Móveis. O evento foi realizado em uma empresa especializada em adaptação de veículos especiais, localizada na área industrial da cidade. Essa é a terceira visita do chefe do Executivo ao município em seis meses. Em 14 de março, o presidente acompanhou a entrega de 789 ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Alguns dias depois, em 18 de março, Lula voltou ao município para visitar a fábrica da Toyota. O presidente acompanhou os trabalhos e a expansão da unidade automotiva, que, até 2030, investirá R$ 11,5 bilhões no país.

O prefeito da cidade, Rodrigo Manga (Republicanos), não compareceu ao evento desta quinta-feira. Bolsonarista e aliado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o prefeito foi vaiado em outra solenidade realizada pelo Executivo federal. Manga foi representado pelo vice, Fernando Martins (PSD).

Pesquisa Quaest
Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira mostra que Lula abriu distância sobre todos os potenciais adversários em eventuais segundos turnos na disputa presidencial de 2026. Se na pesquisa anterior, de julho, o petista aparecia empatado com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no limite da margem de erro, o levantamento de agosto mostra que o chefe do Executivo venceria o bolsonarista por 43% a 35%.

Lula tem vantagem sobre os demais candidatos por diferenças que variam de 10 pontos (Ratinho Júnior, governador do Paraná) a 16 pontos percentuais (o senador Flávio Bolsonaro e os governadores Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, e Ronaldo Caiado, de Goiás).

Em um cenário de disputa contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e só poderia concorrer caso a medida fosse revertida, Lula teria vantagem de 12 pontos. O petista também venceria a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), por 13 pontos, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por 15 pontos.

A pesquisa também aponta que 47% dos entrevistados têm mais medo da volta de Bolsonaro do que da reeleição de Lula. Houve avanço desse percentual entre os eleitores que dizem não ter posicionamento político, passando de 36% para 46%, enquanto o índice dos que dizem temer o petista recuou de 31% para 25%.

Na pesquisa espontânea, quando não é dada nenhuma alternativa ao entrevistado, o nome de Lula aparece com 16%, Bolsonaro tem 9% e os demais candidatos chegam a 1% — entre eles Michelle, Ratinho, Tarcísio e Ciro Gomes (PDT). Já 4% informaram que votarão em branco ou nulo, ou que não irão votar. Os indecisos somam 66%.

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