Entenda por que o STF não tem data para analisar denúncia contra neto do general Figueiredo
Residente nos Estados Unidos, o ex-apresentador ainda não foi citado pelas autoridades brasileiras e é considerado foragido
Integrante único do último núcleo da trama golpista a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal ( STF), o ex-apresentador da Jovem Pan Paulo Figueiredo ainda não tem data para que a denúncia contra ele seja apreciada pela Primeira Turma da Corte. Figueiredo mora nos Estados Unidos e ainda não foi citado pelas autoridades brasileiras.
Na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes chegou a notificar a Defensoria Pública da União (DPU) para realizar a defesa de Figueiredo, mas o órgão afirmou que não poderia realizar o trabalho sem sequer ter contato com o denunciado. A DPU chegou a pedir a suspensão dos prazos processuais relativos ao influenciador, mas Moraes ainda não tomou uma decisão.
Quando ofereceu a denúncia contra 34 pessoas por envolvimento em uma trama golpista para impedir a posse do presidente Lula e manter Jair Bolsonaro no poder após as eleições de 2022, a PGR separou Figueiredo em um núcleo isolado para que eventual dificuldade em notificá-lo não atrapalhasse o andamento da acusação contra os demais.
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Interlocutores do STF afirmam que, caso não responda às intimações da Justiça, Figueiredo poderá ter a denúncia apreciada à revelia. Ou seja, os ministros analisarão o material da PGR mesmo sem a presença do ex-apresentador. Neto do general João Baptista Figueiredo, o último presidente da ditadura, ele é acusado pela PGR de colaborar com os militares vazando documentos com intuito de pressionar o Alto Comando do Exército a aderir ao golpe.
Segundo a denúncia da Polícia Federal, Figueiredo “buscou forjar um cenário de coesão dentro do Exército Brasileiro sobre a necessidade da intervenção armada, retratando os dissidentes como desertores, merecedores de repúdio pessoal e virtual”.
“Aderiu, pois, ao projeto golpista da organização criminosa, do qual tinha ciência prévia, e instrumentalizou a sua condição de comunicador para provocar a cooptação do Alto Comando do Exército ao movimento golpista”, aponta a acusação.
Durante o julgamento de ontem , Moraes disse que Paulo Figueiredo está foragido e que já há um mandado de prisão preventiva contra ele.
— Atenta contra a democracia do Brasil sem ter coragem de viver no Brasil e só tem influência sobre os militares por ser neto do último presidente durante o tempo de golpe militar, João Baptista Figueiredo — afirmou o ministro.

