Evangélicos tentam atrasar tramitação de PL dos jogos, após aprovação na CCJ
Líder do governo, senador Jaques Wagner, defende celeridade e regulamentação das atividades
A bancada evangélica do Senado tenta arrastar a tramitação da legalização dos jogos de azar, após o projeto ter sido aprovado, em uma votação apertada na Comissão de Constituição e Justiça na quarta-feira.
Por outro lado, o líder do governo no Senado, senador Jaques Wagner (PT-BA), defende a proposta chegue logo ao plenário da Casa e que as atividades sejam regulamentadas.
— O governo não firmou posição, eu pessoalmente, votei a favor porque eu não acredito em nada proibido como solução de nada. Hoje, com jogos no celular e no computador, cassino, por assim dizer, está dentro de casa — disse Jaques.
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— Na minha opinião, eu prefiro tudo com regras, com fiscalização e com pagamento de tributo —
A frente evangélica do Senado pediu na reunião de líderes da Casa nesta quinta-feira que o projeto passe por outras comissões antes de ir ao plenário. Segundo o senador Eduardo Girão (Novo-CE), o projeto pode tramitar por até três colegiados antes de chegar o plenário: econômica, direitos humanos e segurança pública.
O Presidente da frente evangélica do Senado, o senador Carlos Viana (Podemos-MG), apresentou um requerimento para realizar uma audiência pública sobre o tema.
— A matéria acaba ganhando muita publicidade, acaba que todo mundo está acompanhando, portanto acho que o plenário é suficiente, mas ai é uma decisão do presidente rodrigo, se ele resolver levar pra lá — disse Jaques.
O projeto de lei que autoriza o funcionamento de cassinos e bingos, legaliza o jogo do bicho e permite apostas em corridas de cavalos foi aprovado ontem com um placar de 14 a 12 na CCJ. Em tese, após isso, o projeto poderia seguir direto ao plenário.
Em tramitação há mais de um ano no colegiado e sob resistência da bancada evangélica, o texto teve apoio de líderes do Centrão e da base do governo Lula.
Os defensores do projeto conseguiram vencer a resistência, após a bancada religiosa ter perdido força na discussão sobre o projeto antiaborto e com a audiência pública no plenário do Senado, que reuniu bolsonaristas e causou irritação em líderes da Casa.
A proposta aprovada também autoriza a instalação de cassinos em polos turísticos ou em complexos integrados de lazer. O relator afirma que a legalização pode gerar uma arrecadação de R$ 40 bilhões.