Ter, 23 de Dezembro

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STF

Ex-Abin diz em depoimento que ordem para monitorar sócio de Jair Renan partiu de gabinete de Ramagem

Policial federal Marcelo Bormevet foi ouvido no âmbito da ação penal da trama golpista

Marcelo Bormevet foi preso pela PFMarcelo Bormevet foi preso pela PF - Foto: reprodução/redes sociais

O policial federal Marcelo Bormevet, ex-integrante da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), afirmou nesta quinta-feira em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que partiu do gabinete do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), então chefe do órgão, a ordem para levantar informações sobre o ex-personal trainer de Renan Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Renan é hoje vereador em Balneário Camboriú.

— Recebi demanda do gabinete do Ramagem para fazer levantamento de veículos da família ou da pessoa do personal trainer. (...) Só isso, não sei mais nada do inquérito de Jair Renan — afirmou em depoimento no âmbito do processo da trama golpista. O réu afirmou que a ordem foi repassada por um assessor de Ramagem.

Bormevet é apontado como um dos integrantes do núcleo 4 da organização criminosa que tentou um golpe de Estado. Eles são acusados de espalhar notícias falsas e desinformação com o objetivo de criar desconfiança nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral, construindo clima social favorável ao golpe.

Ele foi questionado sobre ações internas envolvendo um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro porque a Polícia Federal apurou indícios de que a Abin montou uma operação paralela para tentar tirar Jair Renan da mira de uma investigação envolvendo suspeitas de tráfico de influência no governo. Posteriormente, a apuração foi arquivada.

À época, o filho de Bolsonaro abriu um escritório no estádio Mané Garrincha, em Brasília, e passou a atuar em parceria com o seu ex-personal trainer para angariar patrocinadores dispostos a investir no novo negócio do filho do presidente.

Durante a investigação da PF naquela época, a Abin passou a seguir os passos do ex-personal de Jair Renan. A ação de espionagem foi flagrada pela Polícia Militar do Distrito Federal, que abordou um integrante da Abin dentro do estacionamento do ex-sócio do filho do presidente.

Ao prestar esclarecimentos na PF, o agente da Abin informou que recebeu a missão de um auxiliar de Ramagem de levantar informações sobre um carro elétrico, avaliado em R$ 90 mil, que teria sido doado ao filho do ex-presidente e ao seu personal trainer. O veículo foi dado por um empresário do Espírito Santo que estava interessado em ter acesso ao governo.

De acordo com o agente da PF acusado de vigiar o ex-personal trainer de Jair Renan, "o objetivo era saber quem estava utilizando o veículo".

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