Ex-advogado de Dilma defende acusada de tentar golpe contra Lula
Eugênio de Aragão diz que Marília Alencar não participou de bloqueios da PRF em estradas no dia do segundo turno das eleições de 2022
Eugênio José Guilherme de Aragão, que foi ministro da Justiça do governo de Dilma Rouseff, defende a delegada da Polícia Federal Marília, que foi diretora de Inteligência do Ministério da Justiça durante a gestão de Anderson Torres. Ela é uma dos seis membros do chamado núcleo operacional da trama golpista. No STF, Aragão disse que Marília não cometeu irregularidades.
— Não há nessa denúncia nenhuma especificidade de qual foi a sua conduta. Apenas diz-se que ela teria elaborado um BI (business intelligence) que teria sido usada por Silvinei (Vasques, então diretor-geral da Polícia Rodoviparia Federal). (...) O BI de doutora Marília visava a identificar áreas de possível confronto entre bolsonaristas e partidários de Lula, que era a função dela como diretora de inteligência, era apontar para riscos — afirmou o adsvogado no STF.
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O advogado argumentou que Marília e Silvinei Vasques não se conheciam. Ele nega ter havido conexão entre os dois para que o relatório de inteligência preparado pela delegada tenha abastecido o então diretor-geral da PRF para a realização de bloqueios nas rodovias com o intuito de impedir os eleitores de Lula de comparecer aos locais de votação no dia do segundo turno das eleições.
O advogado questiona, ainda, o depoimento do analista Clebson Ferreira de Paula Vieira, que afirmou ter recebido ordens de coletar os dados de municípios em que Lula tivesse mais de 75% dos votos válidos no primeiro turno. Em depoimento às autoridades, o analista confirmou que seu chefe imediato na PRF, Tomaz Viana, ordenou que "o painel que estava publicado no ambiente do MJSP fosse retirado e colocado 'offline'".
Quanto aos atos do dia 8 de Janeiro, Eugênio Aragão afirma que a delegada, que dirigia a subsecretaria de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, não foi omissa e produziu relatórios de inteligência sobre os riscos de atos golpistas.
Eugênio José Guilherme de Aragão disse que conhece Marília há 30 anos e que os dois "não pensam" da mesma maneira, mas que a delegada é profissional e nunca cometeu irregularidades.
— Uma coisa é o plano político em que a gente diverge, outra coisa é o plano dos fatos, como as pessoas agem. (...) O que ela pensa não me diz respeito, quero saber dos fatos. Me convenci da sua inocência e por isso a represento — disse Aragão.

