Ex-assessor de Bolsonaro nega ter tido contato com Mauro Cid
Marcelo Câmara foi preso na semana passada por suspeita de obstrução de Justiça
O coronel da reserva Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou em audiência de custódia que não conversou com o tenente-coronel Mauro Cid, nem mesmo por meio de outras pessoas.
Câmara foi preso preventivamente na semana passada pela suspeita de obstrução de Justiça, devido a contatos entre seu advogado e Cid.
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O ex-assessor foi preso na quarta-feira da semana passada, e a prisão foi mantida após a audiência de custódia, realizada na quinta-feira. O vídeo da audiência foi divulgado nesta segunda-feira pelo STF.
Câmara já esteve preso entre fevereiro e maio de 2024, na investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Na audiência, ele afirmou que, depois que foi solto, não descumpriu as obrigações impostas, entre elas a proibição de utilização de redes sociais, próprias ou de terceiros, e a proibição de entrar em contato com outros investigados.
— Desde que eu fui solto, em 16 de maio (de 2024), eu procurei seguir todas as medidas cautelares que me foram impostas. Inclusive esta, que estou sendo acusado de ter quebrado. Eu não conversei com o colaborador. Nem por terceiros.
A prisão foi determina por Moraes após o advogado de Câmara, Eduardo Kuntz, apresentar ao STF conversas com um perfil do Instagram que seria utilizado por Mauro Cid. O diálogo tratou de detalhes do acordo de delação do tenente-coronel, que nega ser o autor das mensagens.
Para Moraes, a conversa demonstrou que Câmara tentou, por meio de seu advogado, conseguir informações sigilosas sobre a delação de Cid. Os dois serão investigados pela suspeita de obstrução.
Também na audiência de custódia, Eduardo Kuntz afirmou que seu cliente estava preso quando houve o contato com Cid e que não houve descumprimento das medidas cautelares porque elas só foram impostas posteriormente.
— Quando da sua liberdade, em meio de 2024, foram lhe atribuídas medidas cautelares diversas da prisão, entre elas a de não comunicabilidade através de redes sociais e terceiros. E as conversas que foram travadas, quando o colaborador procurou esta defesa, se deram em março. Assim, sendo, impossível que se descumpra algo que até então não tinha sido definido ou decretado.

