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POLÍCIA FEDERAL

Ex-comandante do Exército depõe à PF sobre trama golpista: entenda os pontos que ele pode esclarecer

Freire Gomes falará sobre suposto plano de golpe de Estado; integrantes das Forças Armadas relatam sob reserva que intenção do oficial é colaborar com as apurações

O general Marco Antônio Freire GomesO general Marco Antônio Freire Gomes - Foto: Alan Santos/PR

O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, depõe nesta sexta-feira à Polícia Federal na investigação que apura uma trama para dar um golpe de Estado envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), membros de seu governo e militares. Freire Gomes não foi alvo da operação e falará aos investigadores na condição de testemunha.

A oitiva ocorrerá na sede da Polícia Federal, em Brasília, e está marcada para as 14h. Ao prestar depoimento, a expectativa é a de que Freire Gomes pode esclarecer alguns pontos, como sua participação na reunião realizada no palácio da Alvorada sobre a minuta golpista, eventual omissão de sua parte no controle de seus subordinados e sua atuação dentro das Forças Armadas para conter os ímpetos antidemocráticos e o acampamento montado em frente ao quartel-general do Exército.

Diálogos obtidos pela Polícia Federal na investigação do plano golpista mostram que Freire Gomes recebeu informações do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, sobre os planos de golpe de Jair Bolsonaro e aliados ao longo de 31 dias. Freire Gomes foi comandante do Exército de março a dezembro de 2022.

Na representação que embasou a operação Tempus Veritatis, deflagrada no dia 8 de fevereiro com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), a PF cita cinco áudios encaminhados pelo então ajudante de ordens de Bolsonaro a um contato que, pela “análise dos dados e a contextualização” a partir das demais evidências colhidas pelos policiais, “indicam que as mensagens tinham como destinatário o então comandante do Exército, general Freire Gomes”.
 

Como mostrou a colunista Bela Megale, o general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira disse, em depoimento à Polícia Federal, que participou da reunião com Bolsonaro, em dezembro de 2022, por ordem do comandante do Exército à época, Freire Gomes. A PF aponta que, no encontro, discutiu-se a possibilidade de um golpe de Estado.

A PF, no relatório que embasou a operação, afirma que Freire Gomes e o então comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Júnior, "teriam resistido às investidas do grupo golpista". A PF acrescenta que, "no entanto, considerando a posição de agentes garantidores, é necessário avançar na investigação para apurar uma possível conduta comissiva por omissão, pelo fato de terem tomado ciência dos atos que estavam sendo praticados para subverter o regime democrático e mesmo assim, na condição de comandantes do Exército e da Aeronáutica, quedaram-se inertes".

De acordo com a colunista Bela Megale, integrantes das Forças Armadas relataram que a intenção dele é responder às perguntas e colaborar com as investigações.

No relatório da PF que embasou a operação Tempus Veritatis, o general Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro, chamou Freire Gomes de “cagão” ao saber que ele não aceitou participar do suposto plano de golpe de Estado.

A PF também escreveu em seu relatório que em outros diálogos, o militar Ailton Barros, com quem Braga Netto trocou mensagens, também criticou Freire Gomes por “estar dificultando a vida do PR [presidente da República]” ao “se colocar contra [o plano]”.

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