Ex-coordenador da PRF diz que houve direcionamento de bloqueios nas eleições
Declarações foram dadas por Adiel Alcântara em audiência no STF
Um servidor da Polícia Rodoviária Federal afirmou, em depoimento nesta segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF), que houve o direcionamento de bloqueios de ônibus e vans na região Nordeste e a orientação de que era preciso "tomar um lado" durante as eleições de 2022.
As declarações foram dadas por Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador de inteligência da PRF, que falou na condição de testemunha na ação penal sobre o suposto plano golpista.
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— Transpareci que eu achei estranho aquela ordem. E aí ele falou, não sei qual foi contexto que ele falou, mas ele falou mais ou menos o seguinte: 'Tem coisas que são e tem coisas que parecem ser. Está na hora da PRF tomar lado. A gente tem que fazer jus das funções de direção e aquilo era uma determinação do diretor-geral' — disse ele, referindo-se ao então diretor-geral da PRF Silvinei Vasques, que é réu na ação.
— (Silvinei) Estava criando uma polícia de governo e não de estado. Isso era muito ruim para a imagem da PRF. Grande parte do efetivo não via isso com bons olhos — complementou ele.
Na denúncia, que gerou a ação penal, a Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que Silvinei e o então ministro da Justiça, Anderson Torres, empregaram recursos e fizeram reuniões para tentar dificultar o deslocamento de eleitores do presidente Lula na Região Nordeste - onde o petista teve votação expressiva.
As audiências fazem parte da ação penal apenas do chamado “núcleo crucial” da suporta organização que teria tentado um golpe de Estado. São oito réus nesse processo, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro Walter Braga Netto, Torres e Vasques.
As testemunhas respondem a perguntas tanto do juiz responsável (que deve ser um magistrado auxiliar do gabinete de Alexandre de Moraes), quanto da Procuradoria-Geral da República e das defesas dos réus.

