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Política

Freixo: PSOL terá candidato à Presidência em 2018

Parlamentar também defendeu o lançamento de uma candidatura própria em Pernambuco

Após as manifestações, os postulantes a prefeitos tentam de toda forma se distanciar da imagem de políticos tradicionais. Foi a mudança feita por Marcelo Freixo (PSOL)Após as manifestações, os postulantes a prefeitos tentam de toda forma se distanciar da imagem de políticos tradicionais. Foi a mudança feita por Marcelo Freixo (PSOL) - Foto: Facebook/Marcelo Feixo

Liderança política lembrada como opção da esquerda para uma disputa presidencial, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) cumpre agenda em Pernambuco, a partir da próxima sexta-feira, mas garante que não pisa em solo pernambucano como pré-candidato majoritário para 2018. O parlamentar e o seu partido estão incorporados no movimento “Vamos!”, organizado pela Frente Brasil Sem Medo, que propõe o debate de um novo projeto para o País. Segundo Freixo, "o debate do pós-Lula" deverá ser iniciado pela forças do campo de oposição a partir de 2019 e é preciso pensar em alternativas em conjunto.

Neste contexto, uma coisa é certa: a candidatura do PSOL no próximo pleito. O nome será um debate para ser consolidado no ano que vem e, para fortalecer o projeto, é necessário candidaturas também nos estados. Portanto, ele também defende o lançamento de uma candidatura própria do PSOL para o Palácio das Princesas. Nesta entrevista à Folha de Pernambuco, Freixo ainda trata da crise do Rio de Janeiro e responsabiliza o PMDB carioca pela situação de calamidade do estado.

O senhor pensa em uma candidatura para Presidente da República?
O segundo turno da eleição na cidade do Rio de Janeiro e o fato de termos derrotado o PMDB aqui deu uma expressão forte ao meu nome. Talvez meu nome foi um dos poucos de esquerda que foi para o segundo turno e isso tudo influenciou. Mas meu nome não está colocado para a Presidência. Sou candidato a deputado federal.

Como o senhor vê a organização das forças de esquerda para 2018?
Existe uma disputa pela reorganização da esquerda, em um plano de esquerda, de reorganização da esquerda que está em construção. O Vamos é isso. Uma iniciativa da Frente Povo Sem Medo, que vem se organizando e fazendo debates de segurança pública como este. Primeiro queremos fazer um programa e depois debater nomes. Eu acho que a esquerda tem nomes. A disputa do pós-Lula vai acontecer. Pode não acontecer diretamente em 2018, mas a partir de 2019. É necessário que uma nova esquerda do Brasil se organize e isso deve ser feito com encontros, com diálogo. Vamos fazer essa construção.

O senhor defende o diálogo do PSOL com outras forças de esquerda como o PT e PCdoB?
Vamos partir do princípio de debate temáticos. O PT aparece pouco nos nossos debates, o PCdoB ainda menos. Acho importante a candidatura da Manuela D'Ávila, é preciso saber se o PCdoB vai sustentar até o final ou se vai haver outro tipo de composição. O PSOL terá candidato próprio. Isso eu posso te garantir. Mas a gente está mais preocupado agora em debater programa para apresentar. Isso faltou na última eleição para a esquerda como um todo. Isso foi um diferencial da nossa campanha no Rio de Janeiro, o debate. Temos que fazer isso nacionalmente e, a partir daí, repensar um novo programa de esquerda. A democracia no Brasil está sofrendo bastante, a popularidade do Governo Temer é quase uma margem de erro e ainda não temos representatividade.

Esse projeto passa pelos Estados? O PSOL deve estimular uma candidatura própria também em Pernambuco?
Acredito que sim. É uma característica do PSOL ter candidato próprio e programa. O nome é consequência do debate coletivo e programático. Se não debater, não vamos resolver essa crise. É uma crise que não é só da esquerda, mas da política como um todo. Há um desejo para que a democracia prevaleça porque é isso que o povo brasileiro deseja.

Como o senhor avalia a crise política e econômica enfrentada pelo Rio de Janeiro?

Vivemos a maior crise da história do Rio de Janeiro. A saúde pública completamente desmontada, as escolas públicas que perdeu sentido, uma violência que explode de maneira assustadora, o Rio de Janeiro tem um policiais mortos a cada dois dias e três pessoas mortas por dia pela polícia, o sistema carcerário explodindo, servidor público sem salário há seis meses. É, sem dúvidas, a maior crise do Rio de Janeiro. Isso tem relação direta com os 10 anos de poder do PMDB no Rio de Janeiro. Segundo o Ministério Público Federal, o PMDB do Rio é uma organização criminosa. Você tem o ex-governador preso, o líder do Governo preso, o presidente da Assembleia preso. Isso não é uma coisa qualquer. Temos um enfrentamento grande na Assembleia. Ingressamos hoje com uma representação no Conselho de Ética por quebra de decoro para que avalie a cassação dos mandatos dos três deputados estaduais presos. Tem muita resistência. Espero que o Rio consiga passar por isso. O Pezão é um ex-governador em exercício. Não tem projeto de governo, equipe. É inimaginável que essa pessoa vai passar mais um ano na Prefeitura do Rio de Janeiro. Não tem um lugar do Rio de Janeiro que você vá e não se fale de política. Isso é bom. É uma politização da sociedade. Desse caos pode surgir ideia de mobilização. A sociedade está muito de saco cheio. Não há melhor lugar para transformar do que na política. Esperamos que uma nova política surja para enfrentar esse fascismo que nunca resolveu problema algum.

O que motiva a visita do senhor a Pernambuco?
Eu fui convidado pelo Sinpol para um debate sobre segurança pública na perspectiva dos direitos humanos que é uma perspectiva que já trabalho há bastante tempo. Acho importante valorizar o trabalho do Sinpol porque eles estão bastante avançados na questão de segurança pública, não rezam a cartilha do que há de mais conservador na categoria no Brasil e eles têm tido muitas conquistas e conseguem ter uma leitura de mundo mais adequado para o século XXI. Eu vou participar deste debate na sexta-feira e vou participar do debate do Vamos, que é organizado pela Frente Brasil Sem Medo. Vamos ter uma agenda de trabalho bastante boa.

O que o senhor conhece da situação de Pernambuco na área de segurança pública?
Não vou para o Nordeste como especialista em segurança pública da região. Sobre a realidade da segurança pública do Nordeste, eu tenho mais o que ouvir do que falar. Todo meu estudo e dedicação são em função do Rio de Janeiro. Mas há um debate maior da concepção de segurança, policiamento, as reformulações legislativas para a segurança, a experiência do Rio de Janeiro. É uma troca de experiências. O que deu certo ou errado no Rio. Infelizmente, deu mais coisa errada do que certa. O Nordeste teve um crescimento dos índices de homicídios como um todo. Tentar entender porque os índices do Nordeste explodiram. Tive duas CPIs que presidi na Assembleia do Rio de Janeiro. Uma das milícias que é uma realidade no Nordeste hoje. Outra CPI de tráfico e munições. Vou trazer essa minha experiência.

A oposição tenta emplacar uma CPI para apurar os índices de criminalidade em Pernambuco, mas possui dificuldades em conseguir levar a proposta adiante. O senhor chegou a conversar sobre sua estratégia para aprovar duas CPIs indo contra a influência do PMDB?
Tive muita dificuldade também na época. Era o único deputado do PSOL e o pedido ficou trancado por um ano e meio. Ela só abriu quando os meios de comunicação me ajudaram, quando uma equipe jornalística foi torturada por uma milícia e eles pressionaram a Casa para aprovar a medida. Não foi fácil em nenhum momento. Não é fácil em uma democracia tão combalida como no Brasil.

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