Sáb, 06 de Dezembro

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Análise

Gleisi Hoffmann atribui derrota na CPI do INSS por "erro na mobilização" da base

A ministra Gleisi Hoffmann chamou os líderes da base para uma reunião no Palácio do Planalto na tarde desta quarta-feira (20

Gleisi Hoffmann convocou reunião para analisar o que levou a derrota da CPI do INSSGleisi Hoffmann convocou reunião para analisar o que levou a derrota da CPI do INSS - Foto: José Cruz/Agência Brasil

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, admitiu "erro de mobilização" da base após governo sofrer derrota logo na instalação da CPI do INSS.

O colegiado elegeu opositores a Lula para a presidência e a relatoria da comissão, os dois postos mais importantes. A ministra, no entanto, afirmou que governo continuará trabalhando para que a CPI "não seja instrumentalizada para atender a interesses políticos":

— Apesar do resultado que a oposição conseguiu hoje, por erros na mobilização de nossa base, vamos continuar trabalhando, corrigindo os erros, para que a CPMI não seja instrumentalizada para atender a interesses políticos. É importante garantir que os trabalhos não interfiram nas investigações em curso e nem no processo de ressarcimento dos aposentados, o que esse governo já está fazendo — afirmou a ministra.]

Logo após a derrota, Gleisi chamou os líderes da base para uma reunião no Palácio do Planalto na tarde desta quarta-feira (20). O objetivo da conversa de Gleisi com os líderes foi analisar o que levou a derrota, que pegou Planalto de surpresa, e recalcular os próximos passos.

Logo após a eleição do comando da CPI, governistas creditaram o resultado à ausência de parlamentares do MDB, de quem o governo contabilizava votos para que não houvesse a derrota. Após o encontro, líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que Gleisi fez uma cobrança direta à base governista.

Segundo ele, o resultado não decorreu de falta de votos potenciais, mas de falhas na coordenação da articulação. — Hoje houve um problema de articulação política, claramente. Houve alguma subestimação. A base foi surpreendida porque tinha que ter mobilizado mais. Dá para montar uma maioria para conduzir os trabalhos com tranquilidade — disse. — Gleisi fez uma cobrança. Todo mundo tem que ficar mais ligado, os líderes têm que ficar mais ligados. Mas ninguém tem medo dessa CPI.

Pouco antes da conversa de Gleisi com os líderes, o próprio presidente da República teve um breve encontro com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), no Palácio da Alvorada, fora da agenda oficial. A instalação da CPI do INSS ocorreu como uma reviravolta negativa para o governo. O senador Carlos Viana (Podemos-MG), de oposição, foi eleito com 17 votos, contra 13 dados a Omar Aziz (PSD-AM), que era considerado favorito e contava com o apoio de Lula e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

O presidente indicou um relator de oposição, que será o deputado Alfredo Gaspar (União-AL). O nome apoiado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), era o do deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO). A vitória de Viana refletiu uma articulação de última hora que garantiu vantagem de três votos à oposição.

A comissão foi criada para apurar irregularidades em descontos indevidos sobre aposentadorias e pensões, um esquema que, segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), pode ter causado prejuízos superiores a R$ 6,4 bilhões.

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