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BRASIL

Governo avalia que prisão de Bolsonaro pode aumentar pressão dos EUA

Mesmo com aumento de pressão da Casa Branca, Brasil mantém posição de restringir o diálogo ao comércio, caso em uma negociação sobre o tarifaço de Trump

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Lula, presidente do BrasilDonald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Lula, presidente do Brasil - Foto: Evaristo Sá e Brendan Smialowski/AFP

A um dia da entrada em vigor da sobretaxa de 50% sobre mais da metade do que é exportado pelo Brasil aos Estados Unidos, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconhece que a pressão da Casa Branca pode aumentar. Porém, a posição atual permanece: a crise entre o Judiciário brasileiro e o presidente americano, Donald Trump, deve ficar de fora de uma negociação comercial.

Após a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), na segunda-feira, a diretriz de não misturar comércio com política é a mesma. As palavras mais usadas no momento são diplomacia e pragmatismo.

De acordo com interlocutores que acompanham o assunto, é cedo para dizer que a prisão de Bolsonaro vai dificultar uma negociação que ainda nem começou. Até o momento, não foi aberto um canal de diálogo entre os dois países, além de conversas informais e de bastidores.

Integrantes do governo afirmam que a reação do Departamento de Estado dos EUA à decisão de Moraes pode indicar novas sanções contra membros da Suprema Corte. No entanto, há um discurso pronto do lado brasileiro que diz que o princípio básico da democracia é um Judiciário independente e, por isso, não se deve especular se Moraes agiu bem ou mal.

 

Nas redes sociais, o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado criticou o ministro do STF. Moraes foi chamado de "violador de direitos humanos”. Ainda conforme o governo americano, o ministro do STF usa as instituições brasileiras para “silenciar a oposição e ameaçar a democracia” .

Há cerca de uma semana, o governo americano decidiu aplicar a Lei Magnitsky contra o magistrado. Adotada contra pessoas acusadas de corrupção ou desrespeito aos direitos humanos, a legislação prevê sanções como o bloqueio de contas bancárias e de bens, além de proibir o ingresso nos EUA.

Desde o dia 9 de julho último, Donald Trump deixou claro que não aceitaria uma negociação restrita ao campo comercial. Em uma carta dirigida a Lula, Trump usou, entre as justificativas para a sobretaxa, a situação de Bolsonaro, que estaria sendo perseguido pelo Judiciário brasileiro.

O governo do Brasil avisou que não aceita uma conversa que inclua questões políticas, envolvendo um poder independente, até mesmo em um eventual telefonema entre Lula e Trump. Os dois líderes já demonstraram disposição para um contato, que precisa ser previamente preparado por seus respectivos auxiliares.

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