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Hugo Motta indica bolsonarista Coronel Chrisóstomo para relatar projeto que derruba decreto do IOF

Escolha por deputado do PL foi questionada por aliados do governo; parlamentar têm histórico de duro enfrentamento com a gestão de Lula na Câmara

Coronel Chrisóstomo (PL-RO)Coronel Chrisóstomo (PL-RO) - Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), indicou nesta quarta-feira (25) o deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) para relatar o projeto de decreto legislativo que busca sustar o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), previsto em norma editada pelo governo federal.

A escolha gerou forte reação de aliados do governo no Congresso. Chrisóstomo, conhecido por alinhamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro, tem um histórico de embates públicos com o Palácio do Planalto.

Em 2023, quando o então ministro da Justiça, Flávio Dino, ainda não havia sido indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado protagonizou um episódio polêmico ao atacá-lo durante sessão plenária.

— Vou falar daquele senhor que está com sobrepeso. Ele declarou que STF e o governo vão regular a internet na marra. Rapaz, ele não tem culpa de estar com sobrepeso? Esse país é democrático. Ele não é comunista? Se tu gosta de comunista, seu sobrepeso, vaza do país — disparou o parlamentar, em referência ao debate sobre o Projeto de Lei das Fake News, em voga à época.

A indicação de Chrisóstomo foi caracterizada como uma provocação por setores da base governista. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), criticou duramente a escolha durante entrevista coletiva:

— Designar o Coronel Chrisóstomo como relator, um bolsonarista histriônico, chega a parecer uma provocação desnecessária. Não existe espaço de diálogo algum — afirmou o petista.

A declaração foi rebatida pelo líder do PL na Casa, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), que defendeu a legitimidade da escolha e o direito da oposição de assumir relatorias, sobretudo em matérias que visam contestar atos do Executivo.

— Se é para sustar um decreto do presidente da República, nada mais ideal do que ser relatado por um deputado do maior partido de oposição. O líder do PT tem o direito de fazer as críticas que quiser, mas qualquer parlamentar dentro desta Casa pode relatar qualquer matéria — pontuou Sóstenes.

O projeto de lei que visa derrubar o aumento do IOF teve sua urgência aprovada na semana passada. Na noite de ontem, por meio de publicação nas redes sociais, o deputado Hugo Motta anunciou que o mérito da proposta seria discutido no plenário nesta quarta-feira. A decisão gerou indignação entre parlamentares governistas, que criticaram o fato de a votação ter sido marcada em uma semana de esvaziamento da Casa, já que a maioria dos deputados está em suas bases eleitorais participando das festividades juninas.

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