Impasse sobre presença de presidentes deve adiar cúpula do Mercosul
Lula insiste em assinar acordo com a União Europeia em dezembro
O governo brasileiro deve adiar para janeiro de 2026 a cúpula de presidentes do bloco, prevista para ocorrer no próximo dia 20 de dezembro, em Foz do Iguaçu (PR). Porém, não abrirá mão de sediar a cerimônia de assinatura do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia.
A hipótese de adiamento, explicaram interlocutores do Palácio do Planalto, deve-se à informação de que dois dos principais sócios — Paraguai e Argentina — talvez não consigam enviar seus chefes de Estado.
Se a data for mesmo postergada para o ano que vem, a ideia é realizar uma reunião, no dia 19 ou 20 deste mês, em Brasília, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva; da presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen; e de representantes dos países do Mercosul cujos presidentes não puderem ir.
O encontro entre os presidentes dos quatro países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) ocorreria no começo de 2026.
Leia também
• Acordo Mercosul-UE: votação dos países europeus marcada para entre 16 e 19 de dezembro
• Expectativa é que acordo Mercosul-UE seja concluído até dezembro, diz embaixador
Na Presidência Pro Tempore do Mercosul, o Brasil passará o bastão para o Paraguai durante a cúpula. Integrantes do governo brasileiro admitem a possibilidade de o líder paraguaio, Santiago Peña, preferir que a assinatura do acordo com a UE ocorra durante a gestão de seu país — cenário rechaçado por Lula, que quer deixar como marca a conclusão das negociações que duraram duas décadas.
Segundo pessoas envolvidas nas negociações, Peña indicou que não poderá comparecer. Interlocutores de Buenos Aires admitem que o presidente Javier Milei participaria do encontro no dia 20, mas não confirmaram.
Após participar da cúpula do G20 — grupo que reúne as maiores economias do mundo — na África do Sul, no último domingo, Lula afirmou que o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia será assinado em 20 de dezembro. Disse que essa é sua grande prioridade.
— É um acordo que envolve praticamente 722 milhões de habitantes e US$ 22 trilhões de Produto Interno Bruto (PIB). É uma coisa extremamente importante, possivelmente seja o maior acordo comercial do mundo. E aí, depois que assinar o acordo, vai ter ainda muita tarefa para a gente poder começar a usufruir das benesses desse acordo, mas vai ser assinado — acrescentou.

