Jair Renan vai a evento do PL em Brasília com diárias pagas pela Câmara de Balneário Camboriú
Filho mais novo de Bolsonaro recebeu R$ 4,3 mil da Casa para participar do 1º Seminário Nacional de Comunicação do partido; objetivo do encontro é ensinar o 'efeito Nikolas' a integrantes da sigla
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Filho mais novo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o vereador Jair Renan Bolsonaro ( PL-SC) compareceu ao “1º Seminário Nacional de Comunicação do Partido Liberal” nesta quinta-feira (20), em Brasília, com diárias bancadas pela Câmara de Balneário Camboriú.
O parlamentar fez o requerimento do pagamento de R$ 4.315,40 com a justificativa de que o valor seria destinado para "deslocamento a serviço".
Além de Jair Renan, os vereadores de Balneário Camboriú Guilherme Cardoso (PL) e Victor Forte (PL) também foram ao evento com diárias pagas pela Câmara local.
O encontro, que visa debater estratégias de comunicação do partido, tenta ensinar os participantes a replicar o "efeito Nikolas" — alusão ao deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) — nas redes sociais.
Ao contrário de muitos outros políticos do PL que estiveram no seminário, Jair Renan não havia postado em suas próprias redes, até o fim da tarde desta quinta-feira, registros da presença na agenda — que contou, inclusive, com participação surpresa de Jair Bolsonaro, pai do vereador. O parlamentar de Balneário Camboriú, no entanto, compartilhou conteúdos sobre outros compromissos na capital federal, como um encontro com a deputada federal catarinense Caroline de Toni.
No requerimento apresentado à Câmara de Balneário Camboriú, Jair Renan informa que sairia da cidade na quarta-feira, às 5h50 da manhã, retornando nesta sexta, às 8h da manhã, para "agenda na Câmara dos Deputados". No documento, ele se compromete a, "uma vez aprovada" a solicitação, prestar contas em até três dias úteis após o retorno.
Por cada uma das duas diárias, o filho do ex-presidente receberá R$ 2.157,70, totalizando os R$ 4.315,40. O Globo questionou Jair Renan sobre a viagem, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.
Participação de Bolsonaro
Ao discursar de surpresa no seminário do PL, Jair Bolsonaro falou publicamente pela primeira vez sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) da qual foi alvo por uma suposta trama golpista. Ele afirmou que segue "tranquilo" e minimizou as acusações:
— Alguns falam que tem gente mais preparada que eu. Tem, aqui tem algumas dezenas, mas com o couro mais grosso que eu ninguém tem. Para você denunciar uma pessoa não precisa de 500 páginas. Quem fala muito não tem o que mostrar — disse Bolsonaro ao participar do encontro. — Estou tranquilo. É o golpe da Disney. Estava lá (nos Estados Unidos) com o Pato Donald e o Mickey e tentei dar o golpe de 8 de janeiro aqui.
O ex-presidente acrescentou que não está se importando com uma eventual prisão, caso a denúncia seja aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e ele seja condenado posteriormente:
— O tempo todo (dizem): "Vamos prender Bolsonaro". Caguei para prisão. A turma que devolveu R$ 5 bilhões em delação premiada não tem nenhum preso.
Bolsonaro também usou seu discurso no evento para voltar a pedir a aprovação do projeto de lei que anistia os condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro:
– A nossa prioridade é a anistia. Fiz um vídeo lá atrás, uma senhora, seis filhos, o marido sem individualização de pena, sem comprovação que ele fez isso ou aquilo, condenado a 14 anos de cadeia, um homem foragido e que não sabe como os filhos estão sendo criados. Quem prende, quem condena, diz que está fazendo para o seu bem. “É para evitar o discurso de ódio”. Quando um cara fala de ódio comigo eu já fico puto com ele. No meu tempo de moleque era porrada na escola.
Recordista de votos
Eleito com a maior votação no município do litoral catarinense, Jair Renan fez uma estreia tímida no plenário da Câmara de Balneário Camboriú e usou pouco os microfones na primeira semana de trabalho, que contou com três movimentadas sessões. Nas redes, porém, fez barulho e comprou briga até com colegas do próprio partido.
Novato na política, o filho zero quatro de Jair Bolsonaro iniciou o mandato sem protocolar projetos. Na primeira semana, fez apenas algumas indicações à prefeita Juliana Pavan Von Borstel (PSD), como a reclamação de um buraco numa rua.
Mesmo sem falar muito em plenário, Jair Renan votou contra a maioria dos projetos que passaram pela Câmara, incluindo uma moção de aplauso ao prefeito de Chapecó (SC), João Rodrigues (PSD), pelo apoio prestado às vítimas das enchentes em Balneário Camboriú. Algumas vezes, contrariou a orientação do seu partido.
Fora da Câmara, Jair Renan investe nas redes sociais. Na semana passada, gravou um vídeo argumentando contra a votação de um projeto para alterar a base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU).
O material, com música de suspense, com o vereador usando uma camiseta preta e rosto sério, lembra o vídeo feito pelo deputado federal Nikolas Ferreira sobre o Pix, que teve grande repercussão.

