Lobista justifica aumento de porcentagem para ficar com dinheiro de emenda: "Pressão e estresse"
Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira operação para investigar suposto desvio de recursos de emendas parlamentares no RS
Um diálogo entre o lobista Cliver André Fiegenbaum e dois funcionários do hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul, mostram que o operador justificou "pressão e estresse" para aumentar sua fatia no suposto de desvio de emendas parlamentares para a saúde no Rio Grande do Sul.
A conversa encontrada pelos policiais federais no celular de Fiegenbaum revelam como a divisão da "comissão" seria feita.
Leia também
• Lobista pediu emprego para esposa em gabinete de deputado e prometeu devolver parte do salário
• Deputado da emenda investigada pediu troca de beneficiário para chegar a envolvidos no esquema
• Assessor de deputado encaminhou ofício para lobista com indicação de recursos do Orçamento Secreto
"Eu tinha combinado com vocês 1% bruto pra dividir entre vocês dois, né?! Que nós íamos tirar o imposto, que dava mais ou menos uns R$ 60 mil no total. A gente tinha uma expectativa aí de R$ 7 milhões, mais ou menos. Claro que depois quando for entrar, se entrar mais, vai dar mais, né?! E tinha combinado 1% bruto para mim. E aí agora ele, com pressão e estresse, ele foi pra 1,5 comigo", diz Cliver André Fiegenbaum em áudio enviado a funcionários do hospital.
Segundo a Polícia Federal, o diálogo demonstra que, do percentual de 6% do valor da emenda caputada ao qual Cliver Fieganbaum teria direito, ele receberia agora 1,5%, enquanto outros 1% seria para os funcionários da unidade de saúde.
Dias depois, um dos funcionários chega a perguntar para Fiegenbaum como ocorreria o repasse de valores, e Cliver admite que "legalmente isso simplesmente não vai existir".
"Vai pegar da conta e dar para vocês. Sim, tudo em dinheiro, não tem outro jeito", afirma.
Apesar de justificar a pressão e o estresse, Cliver também brinca com os funcionários após a confirmação da indicação de uma emenda de R$ 200 mil para o Hospital Ana Nery.
No áudio, enviado a um dos funcionários que também é seu primo, Fiegenbaum admite que os funcionários preferiam que o recurso fosse para custeio, mas que "nem tudo é como a gente espera", e se gaba:
"Nunca antes na história desse hospital existia captador assim", disse.

