Lula critica anistia na ONU, defende STF após condenação de Bolsonaro e terá encontro com Trump
Em reação à taxação dos EUA sobre o Brasil e às sanções aplicadas a integrantes do governo e ao Judiciário, presidente brasileiro reforçou soberania dos países
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou em discurso na Assembleia Geral da ONU a possibilidade de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, defendeu o Supremo Tribunal Federal (STF) após os Estados Unidos ampliarem as sanções na sequência da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e voltou ao mote da soberania nacional.
Em diversos pontos do discurso, Lula defendeu a soberania dos países, em reação à taxação dos Estados Unidos sobre o Brasil e às sanções aplicadas a integrantes do governo e ao Judiciário. Sem citar Donald Trump, classificou tentativas de interferência no Judiciário como “agressão inaceitável”.
— Não há justificativa para as medidas unilaterais arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia. (...) Nossa nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis — disse Lula.
Em outro momento, expressou preocupação com “forças antidemocráticas” e relacionou a crise do multilateralismo à crise da democracia no mundo.
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Anistia e julgamento de Bolsonaro
Lula afirmou que “mesmo sob ataques sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia”, em referência ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
— Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade. Há poucos dias e pela primeira vez em 525 anos de nossa história, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito. Foi investigado, indiciado, julgado e responsabilizado pelos seus atos em um processo minucioso. Teve amplo direito de defesa, prerrogativas que as ditaduras negam às suas vítimas. Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos autocratas e àqueles que os apoiam. Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis — afirmou Lula.
Sem mencionar nomes, criticou a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos para ampliar sanções contra o Brasil e autoridades brasileiras:
— Essa ingerência em assuntos internos conta com o auxílio de uma extrema direita subserviente e saudosa diante de antigas hegemonias.
Encontro com Trump
Antes do discurso do americano, Lula e Donald Trump tiveram um breve encontro, e ficou acertado que haverá uma conversa em data a definir, informação que o próprio Trump revelou em seguida, durante o discurso.
— Eu estava entrando e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu e nos abraçamos — afirmou Trump. — Combinamos que vamos nos encontrar na próxima semana. Não tivemos muito tempo para conversar, uns 20 segundos. Em retrospecto, que bom que eu esperei, porque isso não tem funcionado bem [diálogo com Lula], mas conversamos, tivemos uma boa conversa
Segundo integrantes do governo que presenciaram o encontro em Nova York, a conversa foi “rápida e amistosa”. O formato, assim como data e horário, ainda não foram definidos.

