Lula diz que conversa com Trump exige cautela: ''Tenho um limite de briga''
Presidente afirmou ainda que não perderia seu tempo falando ''libera meu pai'', em referência a uma ironia que fez recentemente de Eduardo Bolsonaro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a comentar, na manhã deste domingo, o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração ocorreu durante a cerimônia de encerramento do 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), realizado em Brasília. O evento marca a posse do ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva como novo presidente nacional do partido.
- Nessa briga dos Estados Unidos, eu tenho um limite de briga com o governo americano. Eu não posso falar tudo que eu acho que tenho que falar. Nós temos que falar apenas aquilo que é necessário.
Sem citar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o presidente ainda afirmou que não iria "perder seu tempo" falando "libera meu pai", em referência a uma ironia que fez recentemente.
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Desde que Trump anunciou o tarifaço, Lula tem defendido a união pela soberania nacional. Uma campanha do governo chegou a ser montada com os dizeres “Brasil com S de Soberania”.
Com o slogan “Brasil justo e próspero”, o evento do PT evocou as cores da bandeira nacional e também foi marcado por discursos em prol da soberania desde seu início, na última sexta-feira.
O encontro também trouxe músicas sobre o tarifaço, como um funk remixado do discurso em que Lula ironizou a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. "Trump, libera meu pai".
Posse de Edinho
Com presença de lideranças nacionais do PT, o encontro reafirma o papel de Edinho como figura de confiança do núcleo mais próximo a Lula. Além de ter comandado campanhas presidenciais do petista, Edinho também atuou como ministro da Secretaria de Comunicação Social no segundo mandato de Dilma Rousseff e como tesoureiro do partido.
Sua vitória refletiu um desejo do Planalto de alinhar ainda mais a atuação institucional do partido com a estratégia de governo, especialmente num momento em que Lula tenta reforçar a base no Congresso e ampliar o diálogo com movimentos sociais e setores organizados da sociedade.
Desde sexta-feira, cerca de mil delegados de todos os estados, eleitos previamente nas instâncias estaduais do partido, participaram das discussões em torno do novo regimento interno e das diretrizes políticas da legenda.
Apesar de disputas internas e da tentativa de grupos menores de alterar o equilíbrio de forças, a corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), à qual pertencem tanto Lula quanto Edinho, manteve o controle da maioria do Diretório Nacional.
A hegemonia da CNB, consolidada nas eleições internas, reduz as chances de mudanças profundas na linha política ou nas regras de funcionamento do partido.
O 17º Encontro Nacional também foi palco de debates sobre as perspectivas eleitorais do PT para 2026, a relação com os aliados da frente ampla e o fortalecimento da presença digital do partido nas redes sociais, um dos temas considerados centrais pela nova direção.
A expectativa é que Edinho assuma um papel na reorganização da militância digital e na construção de pontes com setores do eleitorado ainda resistentes ao projeto petista.
Recentemente, a legenda teve bom desempenho nas plataformas digitais com campanhas temáticas que furaram a bolha da militância, como a defesa da taxação dos super-ricos e a mobilização em torno da soberania nacional, reacendida após o tarifaço anunciado pelos Estados Unidos. A expectativa da nova gestão é intensificar esse tipo de atuação, investindo em linguagem mais popular, engajamento com criadores de conteúdo e maior capilaridade entre os militantes digitais.

