Lula diz que ficará "muito feliz" com ministros que precisarem sair para disputar eleições
Declaração foi feita durante a última reunião ministerial do ano
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira, 17, que ficará "muito feliz" com ministros que precisarem se afastar do cargo para disputar as eleições de 2026 A declaração foi feita durante a última reunião ministerial do ano. Entre os possíveis nomes está o do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que deve deixar a pasta para coordenar a campanha de reeleição de Lula - e também é cogitado como candidato ao governo ou ao Senado em São Paulo.
"(O ministro) será obrigado a se afastar para ser candidato, porque o povo do Estado quer que ele seja candidato. É sempre assim: quando você tira um ministro, ele chora", disse o petista "Quando você não quer tirar, ele quer sair, ele encontra todos os argumentos necessários para sair e joga a responsabilidade em cima do povo. Eu reconheço isso. E eu vou ficar muito feliz que aqueles que tiverem que se afastar, se afastem e, por favor, ganhem o cargo que vão disputar. Não percam."
Na avaliação do presidente, o governo encerra 2025 em uma condição amplamente favorável, ainda que esse desempenho não se reflita com a intensidade esperada nas pesquisas de opinião. Lula atribuiu essa discrepância ao cenário de forte polarização política no País, que, segundo ele, cristaliza posições e reduz a margem de mudança fora de contextos excepcionais.
Leia também
• Lula diz que polarização atrapalha avaliação do governo
• Lula edita MP que destina R$ 6 bilhões em crédito do BNDES para compra de caminhões
• Lula deve aproveitar última reunião ministerial do ano para cobrar quem vai deixar a Esplanada
Para o chefe do Executivo, esse ponto de inflexão ocorrerá nas eleições de 2026, quando o eleitorado terá de escolher o projeto de país que deseja. Nesse contexto, afirmou ser essencial reforçar a narrativa de que o atual governo assumiu um País "desmontado", priorizou a reconstrução e fez da "união" um eixo central de sua atuação.
"Depois, no começo deste ano, a gente começou a falar que estava plantando e que este ano seria o ano da colheita. Então, nós já anunciamos todas as políticas sociais que a gente tinha que anunciar", salientou Lula. "O dado concreto é que o ano eleitoral vai ser o ano da verdade. Ou seja, nós temos que criar a ideia da hora da verdade para mostrar quem é quem neste País."
O petista afirmou ainda que o atual governo reúne integrantes com experiência desde 2003 e avaliou que o País vive um momento praticamente inédito sob a ótica econômica. Segundo o presidente, há avanços expressivos no financiamento por bancos públicos, como BNDES, Caixa e Banco do Brasil, além de crescimento da indústria e da agricultura. "Bancos públicos há décadas não tinham capacidade de investimento que têm agora."
Lula também ressaltou a aprovação de pautas que classificou como estruturantes, citando a política tributária, concluída na Câmara e em tramitação no Senado, e mudanças no Imposto de Renda (IR). Para Lula, essas conquistas contrariam as "previsões de analistas" que consideravam improvável a aprovação de matérias relevantes em um governo com base parlamentar reduzida, resultado que ele atribuiu à capacidade de diálogo e ao poder de articulação política dos ministros.

