Lula recebe Boric e diz que não quer "Guerra Fria e ter que escolher entre Estados Unidos e China"
Presidente do Chile faz visita oficial ao Brasil nesta terça e cumpre agendas com líder brasileiro
O presidente Luiz Inácio Lula afirmou nesta terça-feira que não deseja uma nova Guerra Fria e também que não quer "escolher entre os Estados Unidos e a China". A declaração foi dada durante visita do presidente do Chile, Gabriel Boric, ao país.
— Todo mundo só falava em livre comércio e globalização e, de repente, nada disso vale a pena e o que vale a pena é o protecionismo. Você não quer guerra fria e eu não quero guerra fria. Eu não quero fazer opção entre Estados Unidos ou China. Eu quero ter relações com os Estados Unidos, quero ter relação com a China. Eu não quero ter preferência. Quem tem que ter preferência são os meus empresários que querem negociar. Mas eu não, eu quero vender e comprar, vender e comprar, fazer parceria — disse Lula, em declaração de imprensa ao lado do chileno.
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O presidente brasileiro afirmou ainda que Boric está convidado para vir à cúpula do Brics em julho. Em outro momento, na chegada ao Itamaraty, Lula voltou a tratar da guerra comercial instalada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
— Não nos agrada essa disputa estabelecida pelo presidente Trump. Eu acho que ela não é nem conveniente para os Estados Unidos, não é conveniente para ele. O que nós queremos é estabelecer uma política de cordialidade comercial — afirmou Lula.
Antes, Lula e Boric assinaram atos bilaterais. Depois da agenda, os presidentes seguiram para o Palácio Itamaraty, onde participam de almoço. Os presidentes vão participar ainda do Foro Empresarial Brasil-Chile, onde serão discutidos temas estratégicos para a integração logística e comercial entre as duas nações.
Os presidentes de Brasil e China assinaram uma série de acordos bilaterais, como:
- Cooperação na área de segurança pública com foco na prevenção e combate ao crime organizado transnacional;
- Coprodução audiovisual entre os dois países;
- Intercâmbio de militares nos centros de operações de paz de ambos os países;
- Cooperação para criação de sistemas de inteligência artificial.
Momentos antes da chegada de Boric ao Itamaraty, Lula voltou a defender o multilateralismo e disse que é preciso um equilíbrio e cordialidade nas relações comerciais. Ele disse que não agrada aos brasileiros a guerra comercial deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
— A nós, brasileiros, não agrada essa disputa estabelecida pelo presidente Trump. Eu acho que ela não é nem conveniente para os Estados Unidos, e nem conveniente para ele. O que nós queremos é estabelecer uma política de cordialidade comercial.
Lula também afirmou que é preciso tratar os imigrantes "com o respeito que eles merecem". Segundo o presidente brasileiro, o mundo precisa voltar à normalidade.
— O mundo precisa votar uma certa normalidade. O mundo não pode ser induzido à raiva, ao ódio, ao preconceito, à perseguição. Não tem lógica.
Divergências
Apesar de serem dois políticos de esquerda e da cooperação entre os dois países, Lula e Boric têm divergido em questões centrais da agenda internacional, como o tratamento dado a Nicolás Maduro na Venezuela e a guerra na Ucrânia.
No caso da Venezuela, por exemplo, o presidente chileno foi um dos primeiros do mundo a reagir, no ano passado, ao anúncio do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de que Maduro teria sido reeleito, derrotando o candidato da oposição Edmundo González. Lula adota uma postura mais conciliadora e tenta negociar com o chavista.
O presidente chileno, em seu primeiro mandato, Boric defende a condenação da invasão russa na Ucrânia por parte dos países da América do Sul, enquanto Lula prega uma saída negociada e de consenso entre os dois países.

