Mesa de JK, usada como barricada por terroristas, foi tirada de acervo contra recomendação; entenda
Móvel histórico em jacarandá foi cedido ao gabinete da Secretaria-Geral da Presidência em 2017
A mesa de trabalho de Juscelino Kubitschek — móvel histórico que foi depredado e utilizado como barricada por terroristas em Brasília, no último domingo (8) — foi retirada do acervo da Presidência da República contra a recomendação de especialistas, durante o governo de Michel Temer. Em 2017, a peça foi cedida ao gabinete da Secretaria-Geral da Presidência da República, sob críticas de autoridades em conservação do patrimônio público.
O móvel em jacarandá, projetado pelos arquitetos Oscar e Anna Maria Niemeyer, foi usado como mesa de trabalho do gabinete presidencial até o governo do general Emílio Médici (1969-1974). Depois, por orientação de especialistas, o objeto foi levado para o acervo da Presidência da República.
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A peça, que havia sido restaurada nas últimas décadas, era exposta com isolamento no governo Dilma Rousseff, no salão nobre do segundo andar do edifício. Em 2017, o governo Michel Temer cedeu a mesa para o ex-ministro Moreira Franco, e ela passou a fazer parte da sala da Secretaria-Geral da Presidência da República.
À época, o então ministro Moreira Franco disse, por meio das nas redes sociais, que esperava que a mesa o inspirasse "a colocar o Brasil nos trilhos". Nesse período, Rogério Carvalho, ex-curador da presidência, afirmou que a utilização do móvel colocaria em situação de risco a lâmina que reveste o tampo. Por meio de nota oficial, o Planalto ponderou, por outro lado, que a mesa estava "em perfeita condição de uso" e que havia sido disponibilizada por determinação de Temer para "colocar em uso os móveis históricos da Presidência".
Danos irreparáveis
O rastro de destruição deixado por terroristas nas instalações do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, provocou danos irreparáveis em obras de arte e patrimônios históricos de altíssimo valor. O levantamento com as perdas é provisório e está sendo atualizado, aos poucos, pelas peritos, já que muitos objetos seguem perdidos em meio aos destroços.
Há danos irreparáveis em itens como um relógio doado a Dom João VI pela corte real de Luís XIV, uma réplica da edição original da Constituição e uma tela com assinatura do artista Di Cavalcanti. O governo federal divulgou uma lista preliminar com os artigos danificados.

