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TRAMA GOLPIS

Novo advogado de general preso descarta delação e diz que plano não foi entregue a ninguém

Preso preventivamente na Operação Contragolpe, Mário Fernandes foi transferido hoje do Rio de Janeiro para Brasília

General Mario Fernandes General Mario Fernandes  - Foto: Reprodução/Youtube

A nova defesa do general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência do governo Bolsonaro, descartou a possibilidade do militar fazer uma delação premiada, apesar de considerá-la como um "meio legítimo de defesa". O advogado Marcus Vinicius Figueiredo afirmou que ainda está estudando o material da Polícia Federal para definir uma linha de defesa, mas ressaltou que as minutas golpistas impressas pelo general "não foram entregues a ninguém".

– Se você achar essa minuta física com alguém eu me destituo da defesa. Ninguém teve acesso à minuta. Ela não foi entregue a ninguém – disse o advogado ao Globo. Figueiredo assumiu a defesa de Fernandes a pedido da família dele. Antes, ele chegou a atuar como um dos defensores do general Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa no governo Bolsonaro.

Ontem, o advogado Raul Livino informou que deixou oficialmente a defesa de Fernandes.

Tanto Mário Fernandes como Braga Netto foram indiciados pela Polícia Federal pelos crimes de tentativa de golpe, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa, assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 34 pessoas. Todos negam terem atuado por uma ruptura antidemocrática no fim de 2022.

Mário Fernandes é o único general do Exército que está preso preventivamente no âmbito do inquérito. No relatório, a PF aponta que ele foi o responsável por elaborar e imprimir no Palácio do Planalto o plano intitulado de "Punhal Verde e Amarelo", que previa a "neutralização" do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e de um quarto alvo que ainda não identificado.

Figueiredo está analisando o relatório da PF e pretende pedir a revogação da prisão nas próximas semanas. Ele destaca ainda que o general "não teve nada a ver" com o grupo Copa22, formado, segundo a PF, por militares de Forças Especiais do Exército, apelidados de kids pretos, que estariam de prontidão para executar o plano "Punhal Verde e Amarelo".

– Se você ler o relatório, a polícia presume que ele sabia desse plano maluco. O general não tem absolutamente nada a ver com o grupo Copa 22 – disse o advogado.

Preso inicialmente no 1º Batalhão de Polícia do Exército no Rio de Janeiro, Mário Fernandes foi transferido ao Batalhão da Polícia do Exército, em Brasília, por autorização de Moraes. Ele desembarcou na capital federal nesta quinta-feira.

Rota de colisão
No início da semana, o advogado de Fernandes criticou as declarações dadas pela defesa de Bolsonaro de que o ex-mandatário não seria beneficiado pela trama golpista e sim uma junta militar.

— Quem seria o grande beneficiado? Segundo o plano do general Mário Fernandes, seria uma junta que seria criada após a ação do Plano Punhal Verde e Amarelo, e nessa junta não estava incluído o presidente Bolsonaro — disse o advogado Paulo Bueno, que defende o ex-presidente, em entrevista à GloboNews.

À coluna de Lauro Jardim, Figueiredo rebateu a fala de Bueno:

— A colocação dele é irresponsável. Ele é advogado de defesa ou promotor? Está atuando como promotor. Como faz isso? Me causa perplexidade. Nesta quinta-feira, o advogado disse que já havia falado sobre o assunto e não comentaria a linha de defesa de ouros investigados.

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