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Política

O Brasil continua no topo da pobreza

País ainda ocupa o quinto lugar entre os 216 do mundo em novo relatório global sobre desigualdade de renda, atrás apenas de África do Sul, Colômbia, México e Chile

Os 10% dos brasileiros no topo da pirâmide de rendimentos per capita têm 59,1% da renda nacional, enquanto a metade mais pobre fica com 9,3%Os 10% dos brasileiros no topo da pirâmide de rendimentos per capita têm 59,1% da renda nacional, enquanto a metade mais pobre fica com 9,3% - Foto: NELSON ALMEIDA/AFP

Uma das estratégias do presidente Lula (PT) para emplacar a reeleição logo no primeiro turno está na narrativa da redução da pobreza, mas o País, de volta à gestão petista, continua feito a cantiga da perua, de mal a pior em se tratando de avanços na área social.

O Brasil continua a ocupar o quinto lugar entre 216 países em novo relatório global sobre desigualdade de renda. Os 10% dos brasileiros no topo da pirâmide de rendimentos per capita capturam 59,1% da renda nacional, enquanto a metade mais pobre fica com apenas 9,3%. O país aparece atrás apenas de África do Sul, Colômbia, México e Chile.

Em relação à concentração da riqueza, que inclui ativos financeiros e outros bens, como imóveis e aplicações, o Brasil está na sexta posição. Os 10% mais ricos detêm 70% do total, e o 1% no topo, mais de um terço.

Os dados constam da terceira edição do Relatório da Desigualdade Global, realizado pela rede do World Inequality Lab, sediado na Paris School of Economics, que inclui mais de 200 pesquisadores em todos os continentes liderados pela equipe do economista Thomas Piketty. O francês é autor de best-sellers sobre o tema, incluindo "O Capital no Século 21" (2013).

Em relação à riqueza, segundo o documento de 206 páginas, o 0,001%, que representa 56 mil pessoas pelo mundo, detém três vezes mais patrimônio do que o de toda a metade mais pobre adulta do planeta combinada (2,8 bilhões de pessoas).

Levando em conta os 10% mais ricos da população, eles se apropriam de 75% da riqueza global, enquanto a metade mais pobre fica com apenas 2%. Desde a década de 1990, a riqueza de bilionários e centimilionários (patrimônio líquido superior a US$ 100 milhões) cresceu a uma taxa de aproximadamente 8% ao ano, quase o dobro do ritmo experimentado pela metade mais pobre da população.

“O resultado é um mundo em que uma pequena minoria detém um poder financeiro sem precedentes, enquanto bilhões permanecem excluídos até mesmo da estabilidade econômica básica", diz o relatório. Em quase todas as regiões do mundo, o 1% mais rico detém sozinho mais riqueza do que os 90% mais pobres juntos.

O relatório aponta também que o sistema financeiro global opera largamente a favor dos países ricos. O que antes era descrito como o "privilégio exorbitante" dos Estados Unidos — empréstimos baratos graças ao papel do dólar como moeda de reserva, enquanto investem no exterior com retornos mais altos — expandiu-se para uma vantagem sistêmica desfrutada pelas economias avançadas.

Em nível global, cerca de 1% do PIB mundial flui anualmente dos países mais pobres para os mais ricos por meio de transferências líquidas de renda associadas a rendimentos e aplicações. Isso equivale a quase três vezes o valor da ajuda global a países em desenvolvimento.

Seguindo a metodologia de Piketty no livro "O Capital do Século 21", o estudo inclui no conceito de renda tanto rendimentos do trabalho quanto o pagamento de sistemas de seguridade social. A renda é medida antes da aplicação de impostos.

Os dados dos diferentes países são equalizados pelo conceito de paridade do poder de compra, que ajusta o valor do dinheiro ao custo de vida local, em vez da taxa de câmbio de mercado.

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