Padilha deve abrir mão de candidatura a deputado para concluir missão passada por Lula para a Saúde
Ministro terá que transformar em bandeira do governo programa que visa a reduzir esperar por consulta com médicos especialistas
Transferido da articulação política para o Ministério da Saúde, Alexandre Padilha deve abrir mão de disputar um novo mandato de deputado federal em 2026 para concluir a missão passada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de transformar o programa Mais Especialistas em uma marca deste terceiro mandato do petista.
A possibilidade de Padilha abrir mão de concorrer foi abordada nas conversas com o presidente nos últimos dias. Caso decidisse tentar um terceiro mandato na Câmara, Padilha, que é deputado desde 2019, teria que deixar o governo em abril do ano que vem, ficando apenas um ano no novo cargo.
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A dificuldade de implantar na sua plenitude o Mais Especialistas foi o principal fator de desgaste que levou à demissão de Nísia Trindade na terça-feira. Lula quer o programa reduza o tempo de acesso a consultas e exames no SUS. Há descontentamento do presidente até com o fato de não ter sido encontrado um nome para a iniciativa que possa ter apelo popular.
Na sua passagem anterior pelo Ministério da Saúde entre 2011 e 2014, durante o governo da presidente Dilma Rousseff, Padilha implantou o programa Mais Médicos, que tinha o objetivo de suprir a carência de médicos nas cidades do interior e nas periferias das grandes cidades.
O programa enfrentou críticas, principalmente por causa da contratação de médicos cubanos. Médicos brasileiros e entidades representativas da classe consideraram a iniciativa uma ameaça à qualidade da medicina no país. O governo, por outro lado, argumentava que os médicos passavam por treinamentos específicos e eram qualificados de acordo com os critérios do programa.
O programa se tornou uma vitrine do PT e foi reembalado pela atual gestão de Lula, em um novo formato, desta vez sem estrangeiros. O entendimento no governo hoje é que o Mais Médicos foi um caso de sucesso e hoje tem a sua marca consolidada.
Em 2018, em entrevista ao livro “A verdade vencerá: O Povo Sabe porque me condenam”, Lula disse que “não queria que Padilha fosse o ministro da Saúde” de Dilma porque achava que ele deveria continuar na articulação política.

