PF acusado por trama golpista diz que "estava preparado par prender Alexandre de Moraes"
Wladimir Soares, denunciado pela PGR, afirmou que ia 'matar meio mundo de gente'
O policial federal Wladimir Soares, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pela trama golpista, afirmou em um áudio que estava "preparado" para prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e que estaria na equipe que realizaria a medida.
Soares está preso desde novembro, pela suspeita de integrar a organização criminosa que acusada de tentar dar um golpe de Estado em 2022.
A denúncia da PGR contra ele e outras 11 pessoas que formam o chamado "núcleo 3" do grupo vai ser julgada na semana que vem no STF.
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A PF apreendeu o celular do policial em novembro, e enviou na terça-feira ao STF um relatório com o conteúdo das mensagens. Para a corporação, os diálogos comprovam que os investigados tinham um plano de sequestrar Moraes:
— A gente estava preparado para isso, inclusive. Para ir prender o Alexandre Moraes. Eu ia estar na equipe — afirmou Soares, em diálogo em 2 de janeiro de 2023.
Na mesma conversa, o agente diz que fazia parte de uma "equipe de operações especiais que estava pronta para defender" o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles não teriam agido, contudo, porque faltou uma "canetada" de Bolsonaro.
— Nós fazíamos parte, fazíamos de uma equipe de operações especiais que estava pronta para defender o presidente armado, sabe, e com poder de fogo elevado pra empurrar quem viesse à frente, entendeu velho? A gente estava pronto. Só que aí o presidente, esperávamos só o "ok" do presidente, uma canetada para a gente agir.
Na mesma mensagem, Soares afirmou que Bolsonaro "deu para trás" após generais do Exército afirmarem que não iriam apoiar o plano. O ex-comandante Marco Antônio Freire Gomes disse, em depoimento à PF, que não concordou com uma proposta do ex-presidente para reverter o resultado das eleições.
— Só que o presidente deu para trás, porque na véspera que a gente ia agir, o presidente foi traído dentro do Exército. Os generais foram lá e deram a última forma e disseram que não iam mais apoiar ele.
O policial ainda diz que, se o plano fosse concretizado, eles iriam "matar meio mundo de gente":
— A gente ia com muita vontade, a gente ia empurrar meio mundo de gente. Matar meio mundo de gente. Estava nem aí já, cara.
Em resposta apresentada à denúncia da PGR, a defesa de Soares afirmou que "não há nos autos qualquer evidência de que o acusado tenha participado de atos preparatórios ou executórios de qualquer plano contra autoridades públicas ou contra o Estado Democrático de Direito".

