PF prende dois por suspeita de obstrução de Justiça em investigação sobre venda de sentenças no STJ
Na terça-feira, a PF cumpriu 11 mandados de busca e apreensão
A Polícia Federal realizou, nesta quarta-feira (14), uma nova fase da Operação Sisamnes, que investiga compra de decisões judiciais. Estão sendo cumpridos dois mandados de prisão preventiva contra investigados que realizaram, segundo a polícia, "atos graves de obstrução da justiça" com o objetivo de atrapalhar a execução das medidas judiciais cumpridas na última terça-feira, durante a quinta fase da operação.
Na terça-feira, a PF cumpriu 11 mandados de busca e apreensão para apurar suspeitas sobre a compra de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A ação foi focada em um esquema de lavagem de dinheiro criado para dissimular a origem ilícita de supostas propinas usadas para as negociações.
O objetivo da operação foi obter mais informações sobre os crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, mercado de câmbio clandestino, evasão de divisas e organização criminosa.
A polícia disse ter identificado uma "rede financeira-empresarial de lavagem de dinheiro" criada para evitar uma vinculação entre o agente corruptor e o servidor público corrompido. Entre os alvos estão empresários ligados a essas empresas, além de operadores financeiros e casas de câmbio usadas para dissimular a origem dos recursos.
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A operação foi autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou sequestro de bens e valores no montante aproximado de R$ 20 milhões. Por determinação do Supremo, os investigados foram proibidos de deixar o país. O ministro considerou haver indícios de empréstimos, dívidas e operações comerciais simuladas com o objetivo de viabilizar a devolução disfarçada de valores, caracterizando possível lavagem de dinheiro.
Na última segunda-feira, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter preso o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, pivô do escândalo de venda de sentenças judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ), como mostrou a coluna de Malu Gaspar.
“Há nos autos consideráveis elementos apontando no sentido de que Andreson de Oliveira Gonçalves tinha função decisiva de comando e ingerência no contexto de suposto esquema de venda de decisões judiciais e de informações processuais privilegiadas, que envolveria, em tese, intermediadores, advogados e servidores públicos”, pontuou o relator, Cristiano Zanin.
Em março, a PF realizou uma outra fase da operação Sisamnes com o objetivo de investigar obstrução de Justiça, corrupção e violação do sigilo profissional relacionada ao vazamento de informações sigilosas do STJ. A apuração identificou uma rede clandestina que monitorava e negociava o acesso privilegiado a essa informações consideradas sensíveis. Segundo a PF, a atuação do grupo envolvia atrapalhar operações policiais deflagradas após decisões do STJ.

