Seg, 08 de Dezembro

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Planalto cogita levar Simone Tebet na disputa ao Senado em SP, e testa nome da ministra

Nome considerado forte no governo teria de mudar domicílio eleitoral, e há conversas para também trocar de partido

Ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Simone TebetMinistra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Simone Tebet - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), tem ganhado força como um possível nome para a disputa do Senado por São Paulo, apoiada pelo presidente Lula (PT). Essa alternativa, no entanto, pode levar a uma eventual mudança de partido da ministra, além de estar condicionada ao nome do candidato da esquerda ao governo estadual.

Com cenário ainda indefinido, a corrida paulista pelo Senado é considerada de extrema relevância por lideranças da esquerda e da direita, principalmente por causa da prerrogativa que a Casa tem para deliberar sobre impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Além de Tebet, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), são alguns dos possíveis candidatos cotados para o cargo pela esquerda. Uma ala do PT defende que os dois seriam nomes melhores para o governo estadual, e não para o Senado.

Oficialmente, Tebet diz que não vai discutir eleição neste ano, mas o nome dela já tem sido incluído em pesquisas e, há duas semanas, ela se reuniu com empresários em São Paulo, num encontro promovido pelo grupo Prerrogativas, que tem atuado para viabilizá-la para a disputa.

Marco Aurélio Carvalho, líder do grupo e um dos principais fiadores da candidatura de Tebet pelo estado, afirma que tem feito rodas de conversa e que a postura da ministra “impressionou muito”. O jantar teve a presença de representantes de empresas, como Habibs, Via Varejo, Brooksfield, Renner e Petz.

— Ela demonstrou desenvoltura extremamente corajosa ao defender o governo Lula num coletivo que é um pouco reticente às políticas do Lula. Reunimos inclusive alguns empresários que não dialogam com a gente. Seria um luxo ter uma candidata como ela — afirma o advogado, que é aliado do petista.

O deputado estadual Emídio de Souza (PT), que esteve no encontro, disse que o partido tem “uma preocupação específica com o Senado no ano que vem” e que é preciso apostar em quem for mais viável:

— Para impedir que os bolsonaristas tenham maioria no Senado, precisamos flexibilizar algumas candidaturas nos estados, apoiar quem estiver em melhor posição e que seja anti-bolsonarista. A Simone está bem posicionada, é uma ministra prestigiada, uma mulher de centro e demonstrou compromisso com o nosso projeto.

Segundo integrantes do partido, Lula tem se animado com a possibilidade, mas a definição de chapa em São Paulo só deve ocorrer no ano que vem ou quando o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) decidir se concorrerá ao Planalto ou à reeleição. Na visão de um petista, é preciso “avaliar como o adversário vai jogar”, ou seja, saber quem será o candidato da direita ao governo estadual.

Ainda na esquerda, além de Alckmin e Haddad, o ministro de Empreendedorismo, Márcio França (PSB), é cotado para disputar o governo.

‘Não seria problema’

Em entrevista ao ICL Notícias na última segunda, Tebet disse que pode ser candidata, mas ponderou que, atualmente, seu domicílio eleitoral é no Mato Grosso do Sul e deixou em aberto a possibilidade de concorrer por São Paulo.

— Posso ser candidata. Eu falei para o presidente, “se o senhor precisar de mim até 31 de dezembro de 2026, eu fico os quatro anos, sou ministra”. Mas ele veio com esse argumento, “a eleição mais difícil e mais importante é do Senado e nós precisamos de pessoas democratas no Senado, vamos aguardar pesquisas, mas eu acho que seria interessante você ser candidata”. O PT no meu estado já disse que, se eu sair candidata, eu tenho o apoio deles, não seria um problema, mas vamos pensar — falou.

Indagada se sairia candidata pelo MDB no Mato Grosso do Sul, Tebet afirmou que “não teria problema em relação a isso”, mas não detalhou a possibilidade de concorrer por SP.

A eventual candidatura de Tebet, porém, está longe de ser pacífica no MDB. Dentro de São Paulo, o partido apoia o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e lideranças da sigla defendem que esse apoio permaneça, caso ele seja candidato à Presidência. Por isso, avaliam que não seria possível ter uma candidata do MDB ao Senado apoiada por Lula. Há casos de alguns políticos de direita no estado que estudam se filiar ao partido, mas estão aguardando para saber qual será a posição da sigla, se de apoio ou oposição a Lula em 2026, para decidir o destino.

— Aqui em São Paulo ter o apoio do Lula é caminho para a derrota. Em São Paulo queremos desenvolvimento, responsabilidade fiscal e assim caminharemos com o Tarcísio — avalia o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que ainda defende que o MDB lance candidato próprio, citando o nome de Baleia Rossi, presidente nacional da legenda, para o cargo.

Neste cenário, integrantes da esquerda já discutem uma eventual saída de Tebet do MDB e a migração para outro partido, como o PSB. A filiação dela no PT, porém, é vista como improvável. A avaliação de fontes petistas é que Tebet não se sentiria confortável no partido, por ter um posicionamento mais liberal na economia e centrista na política.

Vaga na direita

Na direita, o plano é lançar dois candidatos: um indicado por Jair Bolsonaro e outro por Tarcísio. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) era o nome natural para disputar o Senado, mas o plano ficou embolado com a saída dele do Brasil. Como ele deve seguir nos Estados Unidos, a direita paulista já considera que há uma vaga aberta a ser disputada para o Senado.

A outra vaga seria do secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL), indicação que conta com o apoio de Tarcísio. Outros nomes cotados são o deputado federal Ricardo Salles (Novo-SP), o ex-governador Rodrigo Garcia (sem partido) e o vice-prefeito da capital, Coronel Mello Araújo (PL).

Esta última possibilidade, porém, é considerada mais remota por fontes ouvidas pelo GLOBO, porque tanto Mello quanto Derrite têm perfil parecido: os dois são ex-integrantes da Rota, uma espécie de tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, e usam a pauta da segurança pública como chamariz.

Outro impasse é que Nunes é cotado para disputar o governo estadual caso Tarcísio saia para a Presidência, e a saída de prefeito e vice geraria uma situação inédita no município, com a renúncia dos dois — neste caso, a lei prevê que a prefeitura seria assumida pelo presidente da Câmara Municipal. O cenário de dupla vacância é considerado improvável por integrantes da administração municipal.

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