Sáb, 06 de Dezembro

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BRASIL

Planalto evita embate direto de Lula com Tarcísio para não dar visibilidade nacional a adversário

Ministros e PT, contudo, elevam tom contra governador de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprimenta o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprimenta o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)  - Foto: Ricardo Stuckert/PR

O Palácio do Planalto tem evitado críticas diretas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Tarcísio de Freitas, após governador de São Paulo participar do ato favorável ao ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista no último domingo. A estratégia tem sido delegar o embate público a dois dos principais auxiliares de Lula, os ministros Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil) e ao PT.

Uma ala do governo pondera que a crítica deve ser dosada para não elevar Tarcísio e projetá-lo nacionalmente. Esses auxiliares argumentam que não cabe a Lula, presidente das República, fazer a crítica direta a um governador. O petista, no entanto, reconheceu em reunião ministerial no final de agosto que o chefe do Executivo paulista será um dos seus adversários em 2026.

Auxiliares, afirmam que a máscara de moderação de Tarcísio caiu ao chamar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de "tirano" durante seu discurso, e que sua postura demonstra falta de autonomia e submissão ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Para o entorno de Lula, o ato de Tarcísio na Avenida Paulista não é assunto de governo, por isso não cabe a Lula comentar, mas os ministros, individualmente, têm autonomia para se manifestar.

 

Rui Costa veio a público em dois momentos na segunda-feira criticar a postura de Tarcísio. Em uma delas, chamou o governador de "desequilibrado" e em outra disse "nunca ter visto nada parecido" ao se referir ao uso da bandeira dos Estados Unidos em manifestação do Dia da Independência do Brasil.

—O que nós vimos ontem, me desculpe, é uma pessoa desequilibrada, atacando ministros da Suprema Corte, atacando as instituições do país — disse Rui Costa em entrevista à GloboNews.

Ainda no domingo, Gleisi Hoffmann afirmou que Tarcísio estava defendendo "os traidores" da pátria ao participar de um ato favorável a Donald Trump.

"O governador Tarcísio foi à manifestação pró-Trump defender os traidores da pátria e a impunidade de quem tramou um golpe contra a democracia. Precisa entender que “tirania" é o que eles queriam impor ao país, não as decisões do STF no devido processo legal. E o que “ninguém aguenta mais” são as ameaças da família Bolsonaro contra o país", disse a ministra.

Em outra frente, o PT também pretende aumentar o tom contra o governador de São Paulo. Nos próximos dias, inserções estaduais do partido em São Paulo irão ao ar com críticas diretas a Tarcísio, que será vinculado ao tarifaço norte-americano, a uma conduta pró-Trump e pró-milionários. As peças publicitárias estaduais da legenda foram reservadas para exaltar feitos do governo Lula em diferentes regiões, tendo São Paulo como única exceção, onde o tom será de embate com o governador.

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