"Popularização da ciência é uma prioridade do ministério", diz Luciana Santos
Ministra faz um balanço de 2025, destacando como um dos principais eixos da gestão o fortalecimento da pesquisa e da inovação como instrumentos de desenvolvimento social e econômico
A ministra Luciana Santos ocupa um papel histórico e estratégico no governo brasileiro como a primeira mulher a chefiar o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Desde que assumiu a pasta, a gestão da pernambucana tem sido marcada pelo esforço de recomposição do orçamento do setor e pela colocação da ciência como pilar central do desenvolvimento nacional.
O MCTI, sob a liderança de Luciana, deixou de ser um ministério sob ameaça de cortes para se tornar um articulador da Nova Indústria Brasil. Na entrevista à Folha de Pernambuco, Luciana Santos abordou os avanços alcançados em Pernambuco, e fez um panorama de projetos estruturantes conduzidos pelo ministério ao longo do ano, voltados à ampliação do alcance das políticas públicas de ciência e tecnologia no país.
Avanços
No que diz respeito à democratização da ciência, Luciana afirma que houve avanços. “A popularização da ciência é uma prioridade do ministério. Nesta gestão, recriamos a Secretaria de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social (Sedes), responsável por esse tema. O combate à desinformação continua sendo um grande desafio, especialmente no ambiente digital, em que conteúdos enganosos se espalham com rapidez.”
ENCTI
“A ciência é um pilar de um Brasil soberano, desenvolvido, e socialmente justo. A entrega da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) simboliza mais um passo para a construção de um país cada vez mais capaz de enfrentar vulnerabilidades históricas, liderar áreas estratégicas, e transformar conhecimento em bem-estar da população. Define que a ciência é o pilar da reindustrialização do Brasil, em bases sustentáveis e digitais. Definimos quatro eixos prioritários que dialogam com a Nova Indústria Brasil (NIB): a transição energética e descarbonização; a transformação digital; a saúde e o complexo industrial da saúde; e a defesa e tecnologias estratégicas. Nosso objetivo é transformar o conhecimento gerado nas universidades em produtos, serviços e empregos de qualidade para os brasileiros.”
Bolsas
Os reajustes das bolsas do CNPq e da CAPES, congelados há mais de uma década, foi o primeiro ato da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas Luciana acrescenta mais medidas relevantes. “A partir da recomposição integral do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que garantiu que os recursos da ciência não sejam contingenciados, temos investido na infraestrutura de pesquisa para que os pesquisadores tenham condições de desenvolver pesquisa de ponta no Brasil. Estamos dedicados a ‘estancar’ a sangria da 'fuga de cérebros'. Lançamos o programa Conhecimento Brasil para repatriar talentos e criar mecanismos para que pesquisadores possam atuar também dentro das empresas, dinamizando a inovação no setor produtivo.”
IA
“Não existe contradição entre regular e inovar. Pelo contrário, a regulação traz segurança jurídica para que as empresas invistam. O Brasil não quer ser apenas um consumidor de tecnologia estrangeira; queremos desenvolver uma inteligência artificial (IA) soberana, que respeite nossa diversidade cultural e nossos dados. O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial prevê investimentos robustos em infraestrutura, como novos supercomputadores, e formação para que a ciência esteja ao lado dos trabalhadores, capacitando e garantindo as condições para migrar para novas áreas profissionais, com melhores salários.”
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Pernambuco
Para a ministra, Pernambuco é uma prova de que investir em inteligência gera desenvolvimento. “Desde o início da nossa gestão, o ministério já destinou cerca de R$ 374 milhões para Pernambuco, valores muito superiores aos aportados em anos anteriores. Somando-se os quatro anos do governo anterior, foram contratados apenas R$ 104 milhões. O Porto Digital é uma referência mundial e temos orgulho de ser parceiros históricos dessa iniciativa. Pelo Finep, estamos injetando recursos para descentralizar a inovação, apoiando desde startups locais até a modernização da infraestrutura de pesquisa das universidades federais e estaduais em Pernambuco. Só via Finep foram investidos mais de R$ 230 milhões em recursos reembolsáveis e não-reembolsáveis. Sabemos que o estado tem vocação natural para liderar a transição energética e a economia digital no Nordeste. O MCTI seguirá sendo o alavancador desses novos projetos.”
Prática
Para Luciana, é o ano da 'Ciência na Prática'. “Colocamos a ciência definitivamente no centro do projeto de desenvolvimento nacional. Executar o orçamento do FNDCT com eficiência, tirando projetos do papel em tempo recorde. Investimos robustamente na Nova Indústria Brasil, impulsionando a inovação. Terminamos o ano entregando à sociedade um sistema de ciência e tecnologia robusto, que ouve as pessoas e o Sistema Nacional de CT&I, que voltou a dialogar com o setor produtivo e que foi protagonista na maior conferência climática do mundo em nosso solo. O MCTI chega ao final de 2025 muito maior e mais estratégico do que começou.

