Sáb, 06 de Dezembro

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ITÁLIA

Presa, Carla Zambelli participa por videochamada e faz perguntas a hacker em sessão da Câmara

CCJ da Casa analisa ação que pede cassação da deputada

Carla Zambelli participa de audiência na CâmaraCarla Zambelli participa de audiência na Câmara - Foto: TV Câmara/Reprodução

 

A deputada Carla Zambelli (PL-SP) participa nesta quarta-feira (10) de uma sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara que analisa um pedido que pode resultar em sua cassação. Condenada a dez anos de prisão por invasão a sistemas de Justiça, a parlamentar se refugiou na Itália e está presa no país estrangeiro. Ela participa da reunião, que ouve o hacker Walter Delgatti, por meio de videochamada.

Durante a sessão, a parlamentar foi autorizada pelo presidente da CCJ, Paulo Azi (União-BA), a fazer perguntas ao hacker, que foi condenado no mesmo caso da deputada e arrolou ela como uma das autoras do crime. Delgatti, que está preso em São Paulo, também participa de videochamada.

Zambelli acusou Delgatti de ser “mitomaníaco” e citou declarações do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira ao fazer perguntas ao hacker.

— Você tinha dito que o motivo pelo qual a gente foi até o presidente Bolsonaro foi para responder se a urna eletrônica podia ser confiável e não sendo confiável, o que poderia ser feito dentro da urna eletrônica para que ela fosse confiável para aquela eleição. O senhor saiu dali e disse que foi cinco vezes ao Ministério da Defesa e o ministro da Defesa (Paulo Sérgio Nogueira) te desmentiu e disse que nunca te recebeu. A gente acredita em um hacker ou no ministro da Defesa?

Ao que Delgatti respondeu que tanto ele, quanto o ex-ministro “são réus”. Nogueira é, assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro, um dos julgados no caso da trama golpista que está em andamento no Supremo Tribunal Federal.

— Fica para quem tiver ouvindo, decidir em quem acreditar. Em você ou no ministro da Defesa, general quatro estrelas, que te disse que não te recebeu nenhuma vez – respondeu Zambelli, que disse ainda que “todo esse processo é baseado no fato de que ou a pessoa acredita no hacker ou a pessoa acredita na Carla”.

Zambelli foi condenada pelo Supremo pela invasão, com ajuda de do hacker, aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com objetivo de adulterar documentos, como a emissão falsa de mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.

Antes de ter o pedido de cassação feito pelo STF, a deputada pediu licença de 127 dias do mandato, que foi concedido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Em seu lugar está o deputado Coronel Tadeu (PL-SP).

Depois de sair do Brasil, ela teve a prisão pedida pelo STF e também a cassação de seu mandato como deputada. Em maio, a deputada foi condenada por unanimidade pela Primeira Turma do STF a prisão por seu envolvimento em invasões ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Não cabe à Câmara confirmar a prisão e a deputada está detida na Itália, à espera da conclusão de análises que podem levá-la a uma extradição para cumprir a pena no Brasil ou não.

A CCJ analisa o pedido de cassação do mandato da parlamentar. Depois de ouvidas as testemunhas, o relator do caso, deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), deve apresentar o parecer e o texto será votado pela comissão e depois pelo plenário da Casa.

Em seu depoimento na CCJ, Delgatti reforçou declarações já dadas anteriormente para a Polícia Federal, declarou que fez a invasão a pedido da deputada e que ela havia oferecido emprego a ele.

— Apenas fiz a invasão após o pedido da deputada Carla Zambelli. Não teria o porquê eu invadir sem esse pedido, não tinha interesse nisso — disse.

— Recebi apoio financeiro. Eu disse a ela que estava sem emprego à época e como vazou que tive encontro com ela e com o presidente Bolsonaro, as pessoas que me ajudavam da esquerda encerraram essa ajuda e foi quando a Carla me fez essa promessa de emprego. Ela foi enrolando e fez alguns depósitos como ajuda de custo, mas o prometido foi o emprego e eu fiz isso em troca de emprego. Ela disse que fazendo isso eu estaria salvando a democracia e o país — também declarou.

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