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Política

Prisão de Lula é 'fato gravíssimo', reage Cuba

Para o governo de Cuba, prisão foi para impedir Lula de sair candidato na próxima disputa pela Presidência.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega à sede da Polícia Federal  em Curitiba, para cumprir pena de 12  anos e um mêsO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega à sede da Polícia Federal em Curitiba, para cumprir pena de 12 anos e um mês - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O governo de Cuba denunciou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um "fato gravíssimo" que busca impedir que o líder mais popular do Brasil seja candidato na próxima disputa pela Presidência.

"Cuba denuncia a prisão com fins políticos do companheiro Luiz Inácio Lula da Silva que constitui um fato gravíssimo, ao tentar impedir que o líder mais popular do Brasil seja candidato à Presidência desse país", disse a Chancelaria.

Na segunda declaração de apoio a Lula em uma semana, Havana disse que o líder petista é "vítima de uma injusta perseguição política, judicial e midiática". Essa perseguição "tem o propósito de criminalizar um líder emblemático da Nossa América e as forças políticas e sociais que empreenderam o caminho para um Brasil mais justo", acrescentou.

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"Ao prender Lula, aspira-se a reverter os progressos e conquistas sociais dos governos do Partido dos Trabalhadores, entre eles o de ter tirado milhões de brasileiros da pobreza", completa o governo cubano. "A Lula e ao povo brasileiro não lhes faltará o apoio de governos, organizações, forças políticas e movimentos sociais em vários países de todas as regiões", ressalta Havana.

Venezuela

Nessa mesma linha, para a Venezuela, trata-se de uma "inquisição judicial" que busca "impedir" que Lula ganhe a Presidência. "A Venezuela manifesta sua absoluta solidariedade com o ex-presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, vítima de uma inquisição judicial", ressalta um comunicado da Chancelaria.

Para o governo de Nicolás Maduro, "a direita brasileira e internacional, em acordo com o servil imperialismo, pretende impedir que" os brasileiros elejam Lula novamente como seu presidente. "O companheiro Lula é o maior dirigente popular na história política da nação sul-americana", acrescenta a nota do Ministério das Relações Exteriores.

Um dia histórico
O ex-presidente foi preso neste sábado (7) por volta de 18h40, em São Bernardo do Campo (SP), na grande São Paulo. Ele entregou-se à Polícia Federal após a segunda tentativa de saída do sindicato. Na primeira vez, foi impedido pela militância que chegou a quebrar o portão. Durante o ato ecumênico realizado pela manhã no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em homenagem à ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em 2017, Lula anunciou que se entregaria. No evento, que se tornou um ato político, o ex-presidente disse que iria se entregar para "enfrentar" a Lava Jato.

O juiz federal Spergio Moro determinou que Lula deveria ter se apresentado à Polícia Federal em Curitiba até as 17h da última sexta (6), mas o prazo foi ignorado pelo petista. Desde quinta (5), quando Moro decretou sua prisão, o ex-presidente ficou alojado no sindicato, em São Bernardo, cercado por militantes e políticos de esquerda. A defesa do petista negociava na sexta as condições para que ele se entregasse. A PF descartou enviar agentes ao sindicado para evitar conflitos.

Lula foi condenado por Moro, em julho de 2017, a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP). Em janeiro deste ano, o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) aumentou a pena para 12 anos e um mês de detenção. Na ação apresentada pelo Ministério Público Federal, Lula é acusado de receber R$ 3,7 milhões de propina da empreiteira OAS em decorrência de contratos da empresa com a Petrobras.

Pedidos de habeas corpus para sustar a prisão foram negados no STJ e no STF.
Lula é o primeiro presidente da história do Brasil a ser preso após condenação penal
. Em 1980, então líder sindical, ele foi preso por motivos políticos, sob acusação de "incitação à desordem", no período final da ditadura militar.

Biografia
Lula nasceu em Garanhuns, agreste pernambucano, em 1945. Migrou para São Paulo aos 7 anos, liderou o movimento sindical contra a ditadura no ABC paulista no final dos anos 1970 e fundou o Partido dos Trabalhadores em 1980, galvanizando a esquerda brasileira nas quatro décadas seguintes.

Elegeu-se presidente em 2002, na sua quarta candidatura, e reelegeu-se em 2006. Sob seu governo, o país acelerou o crescimento da renda e reduziu a pobreza e a desigualdade, acompanhando o que ocorria em outras nações emergentes. Recordista de popularidade, ao deixar o cargo elegeu uma novata, Dilma Rousseff, como sucessora. Reeleita em 2014, ela sofreu impeachment em 2016.

Dois dos maiores escândalos de corrupção já registrados, o mensalão e o petrolão - este último revelado pela Operação Lava Jato -, arrebataram o governo durante o ciclo petista, bem como a mais profunda e extensa recessão em 34 anos.

 

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