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SÃO PAULO

Quem é Protógenes Queiroz, ex-deputado que teve a prisão decretada pela Justiça

Ex-delegado comandou Operação Satiagraha, foi o responsável por prender Daniel Dantas e Celso Pitta e se foi deputado federal

Protógenes QueirozProtógenes Queiroz - Foto: Divulgação

O ex-delegado da Polícia Federal e ex-deputado federal Protógenes Pinheiro de Queiroz teve a prisão decretada pela 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, e está sendo procurado pela Justiça. Queiroz foi acusado pelo banqueiro Daniel Dantas de ter violado o sigilo funcional do cargo de delegado ao vazar à imprensa informações da Operação Satiagraha em 2008.

Queiroz comandou a Operação Satiagraha, que prendeu Daniel Dantas, sócio-fundador do Grupo Opportunity, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, o investidor Naji Nahas e outras 14 pessoas. Eles eram suspeitos de manter um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro. As investigações tiveram início quatro anos antes, como desdobramento do caso do mensalão, a partir de documentos enviados à Procuradoria da República de São Paulo pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Quem é Protógenes Queiroz?
Natural de Salvador, Queiroz virou delegado da PF em 1998 e comandou a Operação Satiagraha, deflagrada em 2004 e que durou até 2008. Mas em 2009, o Ministério Público Federal (MPF) o denunciou por violação de sigilo funcional e fraude processual durante a operação. Também foi denunciado o agente federal Amadeu Ranieri Bellomusto. A Justiça aceitou a denúncia no mesmo ano.

De acordo com a denúncia, o então delegado vazou dados da investigação para a imprensa, avisando o horário e o local onde seriam presos o empresário Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Antes disso, Protógenes também informou à imprensa a hora e o local em que ocorreria uma reunião entre dois empresários investigados da Operação Satiagraha e outro delegado da Polícia Federal. No encontro, teria havido negociação de pagamento de propina em troca do beneficiamento dos acusados nas investigações.

Com a fama que ganhou por meio da investigação, Queiroz se filiou ao PCdoB e se elegeu deputado federal em 2010, por São Paulo, e ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados de 2011 a 2015.

Em 2014, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Protógenes Queiroz, e a pena foi calculada em dois anos e seis meses, convertidos em prestação de serviços comunitários e também na proibição de sair de casa durante os fins de semana, além de ter determinado a perda de seu cargo na Polícia Federal.

Em 2015, ele se exilou na Suíça, alegando que sofria ameaças pelo seu trabalho contra a corrupção como delegado. Ele vive no país até hoje e sempre negou as acusações.

Desde 2016, a Justiça tenta prendê-lo. Naquele ano, a juíza Andréa Silva Sarney Costa Moruzzi, da 1ª Vara Criminal Federal de São Paulo, determinou a prisão do ex-delegado e determinou que o nome dele fosse incluído na lista vermelha de procurados da Interpol. Houve uma tentativa de cooperação jurídica internacional do Brasil com a Suíça, mas como não foi localizado o endereço exato onde Queiroz residia, não foi possível prendê-lo. Em 2021, uma nova tentativa sem sucesso: a Suíça acolheu os argumentos da defesa do ex-delegado, que afirmou que era vítima de ameaças à sua integridade física.

O banqueiro Daniel Dantas, um dos alvos da Operação Satiagraha, protocolou em 2019 uma queixa-crime na Justiça acusando Protógenes dos vazamentos de informações. Desde então, a ação se arrasta na Vara Federal devido à dificuldade de citar o réu no exterior. O MPF então pediu a decretação da prisão preventiva do ex-delegado, o que foi acolhido pelo juiz Nilson Martins Lopes Junior, no último dia 18 de março. Segundo o magistrado, "há evidências de que o acusado estaria se esquivando para ser citado, ocultando sua localização para não receber intimações pessoais com o intuito de protelar e tumultuar o andamento do processo".

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