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Justiça

Ramagem já custou mais de meio milhão de reais à Câmara desde que fugiu para os Estados Unidos

Deputado condenado por tentativa de golpe de Estado saiu do Brasil em setembro, e cumprimento da pena de 16 anos de prisão já foi determinado

Alexandre Ramagem foi condenado a 16 anos de prisão na ação penal da trama golpistaAlexandre Ramagem foi condenado a 16 anos de prisão na ação penal da trama golpista - Foto: Reprodução/X

Condenado por tentativa de golpe de Estado, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) já custou R$ 532 mil aos cofres públicos desde que saiu do país, em setembro deste ano. O parlamentar está nos Estados Unidos, e é considerado foragido. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), já determinou o início do cumprimento da pena de 16 anos de prisão, o que só poderá ocorrer caso Ramagem seja extraditado.

A maior quantia foi destinada às verbas de gabinete: R$ 133.111 em setembro e R$ 133.137,01 em outubro e novembro. A verba custeia, atualmente, os salários de 17 secretários parlamentares em exercício. Ao todo, isso representa R$ 399.385,02.

Mesmo fora do Brasil, Ramagem recebeu o salário bruto de R$ 46.366,19 em setembro e outubro. Em novembro, o valor foi pago parcialmente: R$ 4.192,47. Em três meses, o custo foi de R$ 96.924,85.

Já com cotas parlamentares, que custeia as despesas de Ramagem com itens como combustível, passagens aéreas e contas de celular, o valor utilizado em novembro foi de somente R$ 230. Em outubro foi de R$ 21.307,25, e em setembro foi R$ 14.594,78. A soma no período é de R$ 36.132,03.

Conforme o GLOBO revelou no fim do mês passado, o gabinete de Ramagem chegou a apresentar, em pelo menos três ocasiões, notas fiscais com abastecimentos durante o horário em que o deputado participava, de forma remota, de votações na Câmara. Os registros indicam que as despesas foram praticadas por terceiro, prática vedada pelas regras internas da Casa.

Deputado saiu do Brasil de 'forma clandestina'
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, confirmou nesta segunda-feira que Ramagem saiu do Brasil de "forma clandestina", sem passar por nenhum posto migratório. De acordo com ele, a investigação está avançando para identificar o "grupo" que ajudou o parlamentar a fugir. No último sábado, a PF prendeu o empresário Celso Rodrigo de Mello, filho do dono de garimpos Rodrigo Cataratas, sob suspeita de ter contribuído com o plano de evasão.

— A rota foi clara. Foi via Guiana, saindo clandestinamente do Brasil, não passando por nenhum ponto migratório, embarcando do aeroporto de Georgetown para Miami. Esse foi o caminho, a investigação agora segue para ver se há outros envolvidos e quais são as circunstâncias — disse o diretor-geral.

Moraes estabeleceu que a Secretaria Judiciária do STF deve enviar ao Ministério da Justiça os "documentos necessários para formalizar o pedido de extradição" de Ramagem. Com isso, caberá ao ministério apresentar o pedido ao governo dos Estados Unidos — que, para ser concretizado, precisa ser aceito pelos americanos.

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