Sáb, 06 de Dezembro

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Ratinho Jr. intensifica agendas fora do Paraná de olho em corrida presidencial de 2026

Governador mira São Paulo, onde tem participado de reuniões com empresários, e já teve encontros no Rio e em Santa Catarina

O governador do Paraná, Ratinho Jr., cumprimenta o prefeito do Rio, Eduardo Paes O governador do Paraná, Ratinho Jr., cumprimenta o prefeito do Rio, Eduardo Paes  - Foto: Jonathan Santos/Governo do Paraná

Cotado para concorrer à Presidência em 2026, o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), tem intensificado a participação em agendas políticas e encontros com empresários fora do estado que comanda. Com o desempenho em pesquisas eleitorais similar ao de Tarcísio de Freitas (Republicanos), chefe do Executivo de São Paulo, o paranaense passou a conciliar entregas em seu reduto eleitoral com encontros com empresários paulistas.

Levantamento feito pelo Globo no Portal de Transparência mostrou que, ao longo dos últimos três meses, Ratinho cumpriu 15 agendas fora do Paraná, das quais nove foram em São Paulo. Os compromissos, descritos em sua maioria como “reuniões com executivos”, superam o número de encontros no mesmo período no ano passado.

Há duas semanas, Ratinho Jr. esteve no Rio para agendas na Associação Comercial do Rio (Acerj) e um encontro com empresários na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), quando apresentou o cenário econômico do Paraná. Na primeira agenda, recebeu um afago do correligionário, o prefeito Eduardo Paes (PSD-RJ):

— Se o Brasil tivesse o governador Ratinho nos governando, o país estaria muito melhor — declarou Paes, que é aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deve buscar o quarto mandato em 2026.

 

Embate por tarifaço
Desde maio deste ano, aparecem com maior frequência na agenda encontros com executivos e investidores ligados a instituições financeiras, como o UBS Bank e o BTG Pactual, além de organizações como o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), cujo conselho é presidido pelo empresário do ramo do aço Guilherme Chagas Gerdau Johannpeter. Nas conversas, voltadas aos programas da administração estadual e em propostas de investimentos, não escapam, no entanto, temas ligados à eleição presidencial.

Em um desses encontros, organizados pela gestora XP Investimentos no final do mês passado, Ratinho foi questionado sobre o tarifaço anunciado pelo governo dos EUA contra os produtos brasileiros. Em sua resposta, ele foi crítico tanto à condução da crise pelo governo Lula quanto à postura do ex-presidente Jair Bolsonaro, descrito como “não mais importante que a relação comercial entre os EUA e o Brasil”. O comentário rendeu críticas do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nas redes sociais. Ele afirmou que a postura do presidente americano era motivada pela defesa do “fim da perseguição de seu pai”. No post, o deputado também disse ao governador que “ignorar os fatos não vai solucionar o problema”.

Ratinho voltou a mencionar Bolsonaro na última segunda-feira, depois da decretação da prisão domiciliar dele pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Dessa vez, em defesa do ex-presidente, o paranaense disse que “não será com ativismo, seja de qualquer parte, que iremos construir um novo país”, acrescentando que “briga não coloca comida na mesa do trabalhador”. O mesmo argumento foi repetido por ele num evento também fora do Paraná, em Florianópolis.

— Hoje, o que o Brasil precisa é de paz política e, acima de tudo, espírito público para que a população possa ter um projeto de desenvolvimento para o país. A briga política e o desentendimento institucional não leva comida para a dona Maria dentro de casa, não melhora a vida dos filhos dela e da população — disse o governador na ocasião.

A agenda, na semana passada, foi com o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL-SC), um dos governadores mais ferrenhos defensores do ex-presidente. Na ocasião, eles firmaram um acordo para encerrar uma disputa judicial de mais de 30 anos entre os dois estados em torno de uma dívida milionária relacionada a royalties do petróleo pagos pela Petrobras ao Paraná, mas que, na realidade, pertenciam a Santa Catarina. No encontro, eles definiram que o valor de R$ 340 milhões, que deveria ser ressarcido ao estado de Jorginho, será pago em obras custeadas pela gestão de Ratinho na rodovia SC-417, que liga os dois estados.

Desempenho nas pesquisas
Testado num cenário de segundo turno contra Lula pela primeira vez pelo Datafolha nesta semana, Ratinho teve desempenho superior ao dos governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e de Goiás, Ronaldo Caiado (União). Surpreendendo aliados, o paraense apareceu com 40% das intenções de voto, distante cinco pontos percentuais do petista, mas próximo aos 41% registrados por Tarcísio.

A diferença entre os dois, no entanto, fica mais evidente no Sudeste, onde Tarcísio (46%) derrotaria Lula (40%), enquanto Ratinho (40%) perderia por três pontos percentuais para o petista (43%). Já no Sul, o presidente sairia perdendo para ambos os adversários.

Ratinho também terá de superar disputa interna pela candidatura, uma vez que o PSD filiou recentemente o governador gaúcho Eduardo Leite, que também se apresenta como presidenciável. Em entrevista à newsletter Jogo Político, na semana passada, no entanto, o presidente da sigla, Gilberto Kassab, externou que o paranaense tem vantagem, embora ainda não haja definição sobre como o partido caminhará em 2026:

— Temos esses dois nomes qualificados. Eduardo sabe que Ratinho Jr. tem a preferência, mas não está definido. Até janeiro saberemos. E aí em um cenário que Tarcísio não é candidato, acho que também serão lançados Romeu Zema, pelo Novo, e Ronaldo Caiado, pelo União Brasil. Partido para ter identidade precisa ter candidato a presidente.

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