Saiba quem é a "Negona do Bolsonaro", citada pela PF para bular as cautelares
Influenciadora não é investigada pela PF, mas é citada por usar as redes para propagar mensagens de Bolsonaro, ato proibido por medida de Moraes. Em 2024, foi impedida de usar apelido na urna
Conhecida nas redes sociais como "Negona do Bolsonaro", Vanessa Silva (PL), vereadora suplente do Rio de Janeiro, foi citada no relatório da Polícia Federal (PF) como uma das pessoas utilizadas por Jair Bolsonaro (PL) para burlar as medidas cautelares impostas a ele pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta quarta-feira, o ex-presidente e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), foram indiciados pela PF pelos crimes de coação no curso do processo e abolição violenta ao Estado Democrático de Direito por conta de supostas articulações para intensificar as sanções impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. Vanessa usou suas redes para propagar mensagens de Bolsonaro, o que havia sido proibido por Moraes.
No dia 3 de agosto, em meio as manifestações por anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, Bolsonaro enviou vídeos para Vanessa para mostrar que estava acompanhando os atos de casa.
O ex-mandatário não pôde comparecer aos eventos devido às medidas cautelares. Segundo a PF, a medida evidenciou "o objetivo de burlar as restrições".
De acordo com o relatório, uma das gravações enviadas foi seguida pela mensagem: "de casa acompanhando. Obrigado a todos. Pela nossa liberdade. Jair Bolsonaro". Poucos minutos depois, Vanessa republicou o conteúdo — com o mesmo texto — na rede social X, em que possui mais de 100 mil seguidores.
O mesmo post também foi divulgado pela influenciadora no Instagram, rede em que conta com cerca de 136 mil seguidores. Apesar da citação, Vanessa não é investigada pela Polícia Federal.
Conforme a PF, os elementos evidenciam que Bolsonaro agiu "de forma livre e consciente" para "propagar e amplificar, por meio das redes sociais, ataques em face de Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos chefes do Poder Legislativo (Câmara dos Deputados e Senado Federal), de modo a coagir e restringir o livre exercício dos poderes constituídos, visando impor a votação de proposta de anistia e de destituição de ministros do STF por supostos crimes de responsabilidade".
'Mulher 01 do Bolsonaro'
Nas redes sociais, Vanessa se intitula como a "mulher 01" do ex-presidente da República. Nas eleições municipais de 2024, a influenciadora foi impedida Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) de usar o nome "Negona do Bolsonaro" em sua candidatura como vereadora pelo PL. Segundo a justiça eleitoral, o nome induz à "palavra preconceituosa" e "racista".
"A decisão desse desembargador de me proibir de usar o nome “Negona”, o nome com o qual sou conhecida, é uma afronta para minha identidade! Querem dizer que eu, uma mulher preta, sou racista contra mim mesma por me chamar de “Negona”? Isso é uma aberração jurídica!", questionou àquela altura, alegando ser alvo de perseguição política.
Apesar do percalço, ela manteve a candidatura com o nome "Vanessa Silva". Durante a campanha, além do auxílio financeiro do partido, a influenciadora chegou a receber uma doação de R$ 7.692,30 do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) — réu na ação penal que apura a trama golpista —, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com 10.416 votos, ela não conseguiu ser eleita, mas exerce a função de suplente.
Nas redes sociais, Vanessa publica diariamente conteúdos destinados a bolsonaristas. Em posts recentes, os assuntos abordados de forma mais frequente são voltados para críticas ao Supremo e elogios ao presidente Donald Trump, além da repercussão dos desdobramentos das sanções americanas sobre os produtos brasileiros.

