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Ministério da Agricultura

Secretário da Agricultura rebate ministro e diz que não colocou cargo a disposição

Saída ocorre após anulação de leilão de arroz

O ex-deputado federal Neri Geller (PP) O ex-deputado federal Neri Geller (PP)  - Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, disse que não pediu demissão do cargo, como afirmou mais cedo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. A saída dele ocorre após o governo anular o leilão para compra de arroz importado.

— Não pedi demissão — afirmou Geller ao Globo.

Durante entrevista em que anunciou a anulação do leilão, Fávaro disse que Geller pedira demissão. A exoneração ainda não foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).

Gerou mal-estar o fato de a Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e da Foco Corretora de Grãos terem intermediado parte da venda. As empresas, que receberiam comissões pelo leilão, foram criadas em 2023 por Robson Luiz de Almeida França, ex-assessor de Neri Geller.

Conforme a Globo Rural, França também é sócio de Marcelo Geller, filho de Neri, em uma empresa aberta em 2023.

— Hoje pela manhã, o secretário Neri Geller me comunicou, ele fez uma ponderação, que quando o filho dele estabeleceu a sociedade com essa corretora lá de Mato Grosso ele não era secretário de Política Agrícola e, portanto, não tinha conflito. E que essa empresa não está operando, não participou do leilão, não fez nenhuma operação, e isso é fato também. Não há nenhum fato que gere desabone, que gere qualquer tipo de suspeita. Mas que de fato gerou um transtorno, e por isso ele colocou hoje de manhã o cargo à disposição. Ele pediu demissão e eu aceitei — afirmou Carlos Fávaro.

A interlocutores, Fávaro disse que apenas foi “gentil” ao dizer que Geller tinha deixado o cargo à disposição.

Segundo pessoas próximas, Geller foi surpreendido com a exoneração e pediu que o motivo do seu afastamento do cargo fosse corrigido para não constar “a pedido”.

A interlocutores, Geller disse que se sente injustiçado e que defendia o primeiro leilão, que foi cancelado, quando a meta era importar 100 mil toneladas de arroz, uma quantidade menor do que o volume comprado de 230 mil toneladas.

Geller alega ainda que não vê problema no fato de um ex-assessor seu ter participado da disputa porque ele já não prestava mais o serviço há cerca de quatro anos, quando decidiu abrir uma corretora.

Novo leilão
Segundo uma fonte de alto escalão, o governo não desistiu de realizar o leilão. Porém, vai incluir critérios que inibam a participação de empresas "com fragilidades técnico-financeiras", calibrando melhor as regras do leilão.

O Executivo, pelas regras do edital, somente seria possível conhecer a situação dos vencedores dos lotes, após a abertura dos lances. Além disso, na quinta-feira, terminaria o prazo para que elas se habitassem. O governo decidiu antecipar e cancelar, diante das denúncias.

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