Tarcísio afirma não se opor a prisão perpétua no Brasil e elogia política linha-dura de Bukele
Em evento financeiro, governador defendeu o endurecimento de leis para o combate à criminalidade
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu o endurecimento de leis para o combate à criminalidade e disse não considerar "nenhum absurdo" que se discuta a instituição de prisão perpétua no Brasil. Durante evento realizado pela XP Asset Management nesta quinta-feira, o político detalhou sua visão sobre economia, relações com o Congresso e segurança pública, entre outras pautas, em meio à indefinição sobre o nome a ser encampado pela direita para enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ano que vem.
— A mudança de legislação é bem-vinda. É necessária. Eu defendo algumas mudanças que sejam até radicais. Que a gente comece a realmente enfrentar o crime com a dureza que o crime merece enfrentado. Eu não acho, por exemplo, nenhum absurdo ter a prisão perpétua no Brasil — afirmou o governador.
A prisão perpétua é proibida pela Constituição vigente do país, cujo artigo 5º, inciso 47 "b", prevê que "não haverá penas de caráter perpétuo". Atualmente, o tempo máximo que uma pessoa pode ficar privada de liberdade no Brasil é 40 anos.
No evento, Tarcísio citou como exemplo a ser estudado o caso de El Salvador, cujo presidente, Nayib Bukele, declarou guerra contra as organizações criminosas. A política diminuiu vertiginosamente o número de crimes violentos no país, fulminou as gangues a Mara Salvatrucha (MS-13) e Barrio 18 (que dominavam porções do país), ao custo de um regime de exceção que deteve cerca de 83 mil pessoas sem ordem judicial e sob duras críticas de entidades internacionais de defesa dos direitos humanos.
— Eu acho que a gente tem que aproveitar para dar repassar aquilo que a gente está fazendo. Mal comparando, vamos ver o que o Bukele fez em El Salvador. O que era e o que é — destacou.
No mesmo evento, Tarcísio disse que o candidato da direita para as eleições de 2026 deve ser definido no começo do próximo ano.
— Eu acredito que a gente vai saber no início do ano que vem (quem será o candidato). O que eu falei essa semana é que a gente não tem motivo para estar ansioso, a gente tem que ter um pouco de calma. O mercado é muito ansioso mesmo, né? O mercado gosta de precificar tudo muito rapidamente e como as coisas oscilam — disse o governador.
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Tarcísio, no momento o principal cotado a candidato da direita, afirmou também que Jair Bolsonaro, preso por decisão do STF, é a "grande liderança" do campo conservador e terá "um papel relevante" na definição da candidatura".
— Nós temos aí alguns atores, algumas situações para organizar. A gente tem a grande liderança da direita passando por um processo de isolamento, um processo complicado. A gente tem que ajudar essa grande liderança, que é o presidente Bolsonaro, que vai ter um papel relevante nessa montagem. Mas eu tenho certeza que, como a gente tem aí gente muito preparada, a gente tem boas propostas e, mais do que isso, um bom projeto, nós vamos conseguir organizar esse time. O que o Brasil precisa, no final das contas, ao fim ao cabo? Um projeto — afirmou Tarcísio.
O governador afirmou que, mesmo que o PT ganhe as eleições do ano que vem, precisaria fazer reformas profundas ou "o Brasil vai quebrar". Também avaliou que o partido não teria disposição de propor as reformas necessárias porque acabariam "atacando a base" eleitoral.
O governador afirmou que a agenda econômica para evitar uma "quebra" seria similar às medidas adotadas pelo ex-ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes.
— E o Paulo Guedes falava muito dos D's, e os D's são a chave do sucesso aqui. O D da desregulamentação, o D da digitalização, o D da desvinculação, o D da desindexação, o D do desinvestimento, você vê que é tudo D. Então, quando você aplica essa série de D's, você resolve o problema — disse o governador.
O Congresso Nacional também foi mencionado durante as falas do governador. Ele avaliou que a composição do legislativo "tem um caráter liberal" e "absolutamente reformista, a fim de entregar para o Brasil um projeto interessante".
O governador defendeu que poucos presidentes tiveram a habilidade de tornar o Congresso "sócio das realizações" e chamou o atual relacionamento de Lula com o legislativo de essa "confusão que nós temos hoje".

