Tarcísio diz que tenta negociar tarifaço com governadores dos EUA
Em viagem pelo interior de SP, governador voltou a culpar presidente pela crise
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a culpar o governo Lula (PT) pelas tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de 50% aos produtos brasileiros, a vigorar em 1º de agosto.
Nesta sexta-feira (25), Tarcísio disse que tem buscado negociar uma solução com governadores de estados norte-americanos, e que o governo federal brasileiro “não tem interlocução e nunca fez esforço para ter”. Além disso, comparou as sanções impostas ao Brasil, que são as maiores e têm justificativas políticas, com as de países como Japão, Filipinas e México.
— Isso só se resolve com interlocução, e infelizmente o governo federal não tem essa interlocução com os Estados Unidos e nunca fez esforço para ter. Nenhum representante de alto nível do governo brasileiro esteve no US Trade Representative, no Departamento de Comércio ou no Departamento de Estado. Eles fecharam as portas. Pelo contrário, ainda falaram em sistema alternativo ao Swift, moeda alternativa ao dólar, provocaram os americanos o quanto puderam e se aliaram com o bloco de China e Rússia. Isso provocou essa reação dos Estados Unidos — falou em entrevista à rádio Cruzeiro FM, de Sorocaba (SP).
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Nos últimos dias, o governador de São Paulo tem feito agendas na região de Sorocaba (SP) e, nesta sexta, entrega habitações sociais e uma escola técnica em Boituva (SP), inaugura obras de melhoria em uma rodovia em Bofete (SP) e uma ponte em São Manuel (SP). Na entrevista, ele também afirmou que tenta negociar com autoridades norte-americanas uma saída para a crise comercial:
— O governo do estado tem tentado conversar com governos dos estados norte-americanos, porque essa medida é ruim para todo mundo, para as empresas brasileiras e norte-americanas. O estado de São Paulo produz 80% do suco de laranja do Brasil e o Brasil fornece 80% do suco de laranja que é consumido no mundo, não é um produto que você tenha substituto porque ninguém produz. E você pega gigantes que compram o suco de laranja brasileiro para distribuir, como o Coca Cola, a Pepsico, eles vão sofrer muito porque o impacto é imediato. Eles mesmos vão pressionar as autoridades americanas e a gente está fazendo esse contato para ver se a gente consegue aumentar a pressão lá — disse.
Tarcísio lembrou ainda do anúncio de um empréstimo subsdiado e da antecipação dos créditos de ICMS para empresas paulistas que exportam para os Estados Unidos, e disse que sua gestão tem negociado com governadores e empresas americanas para baixar as tarifas, o que chamou de “esforço complementar” ao um trabalho que “é de responsabilidade” da gestão Lula.
— A gente precisa ir para a mesa de negociação, tirar a ideologia de lado, fazer um esforço que seja inteligente, quem são as empresas contraparte, quem são os parlamentares que podem ajudar, quem são os governadores que podem ajudar e fazer pressão. O governo do estado de São Paulo, num esforço complementar, porque a responsabilidade da política externa é do governo federal, está fazendo isso, conversando com as empresas e aqui a gente está liberando as medidas de crédito — acrescentou.
Apadrinhado por Jair Bolsonaro (PL), Tarcísio tem adotado um discurso de culpabilizar Lula pelas tarifas impostas por Trump ao Brasil, ainda que o presidente americano tenha justificado as sanções por uma suposta "perseguição política" ao ex-mandatário de direita, que enfrenta um julgamento iminente no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe. Em uma carta enviada ao governo brasileiro no início do mês, Trump reiterou seu apelo para que as autoridades brasileiras retirem as acusações contra Bolsonaro relacionadas à tentativa de golpe.
Apesar de nas últimas semanas ter subido o tom contra Lula, que poderá ser seu principal adversário caso ele dispute o Planalto em 2026, Tarcísio voltou a negar que irá concorrer ao governo federal em 2026 e defendeu que Bolsonaro dispute a eleição — o ex-presidente, entretanto, está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
— Hoje, eu sou candidato à reeleição. Eu acho que a gente tem que estar com os pés no chão, eu tenho muito apreço e respeito ao voto de confiança que São Paulo me deu. O estado de São Paulo me abraçou e quero retribuir o estado de São Paulo entregando esses projetos de longo prazo — falou.
— A direita tem uma grande liderança no Brasil que é Jair Bolsonaro. Eu acredito muito, acompanhei Bolsonaro durante quatro anos quando fui ministro, nunca

