Violação de tornozeleira de Bolsonaro não teve a ver com bateria, e equipamento precisou ser trocado
O problema do equipamento foi citado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, para embasar a prisão preventiva do ex-presidente
A tornozeleira eletrônica utilizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro teve que ser trocada de madrugada após o equipamento ter tido uma grave violação, apontam investigadores da Polícia Federal. O problema do equipamento, citado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para embasar a prisão preventiva de Bolsonaro, não teve relação com falta de bateria, conforme integrantes da PF ouvidos pelo Globo.
Em sua decisão, Moraes afirma que a tornozeleira do ex-mandatário foi violada à 0h08 deste sábado. A versão que a falha foi um descuido do ex-presidente, que deixou a bateria da tornozeleira descarregar, foi disseminada nos bastidores por pessoas em seu entorno, mas a informação foi refutada por integrantes da PF e da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) ouvidos pelo Globo.
Eles explicaram, ainda, que os alertas para falta de bateria e tentativa de violação de tornozeleira são diferentes, e no caso de Bolsonaro, o sinal foi de violação.
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Moraes determinou a prisão preventiva de Bolsonaro sob argumento de risco concreto de fuga. De acordo com o ministro, o Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal registrou a violação da tornozeleira às 0h08 de 22 de novembro.
No despacho, Moraes afirmou que o ato revela a intenção de Bolsonaro de romper o equipamento para facilitar uma possível fuga, em meio à mobilização de apoiadores convocada por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Na noite anterior à prisão, Flávio chamou simpatizantes do ex-presidente para uma vigília em frente à residência de Bolsonaro, justificando preocupação com a saúde do pai, que enfrenta episódios frequentes de soluço e refluxo. Para Moraes, porém, a convocação repete o “modus operandi” atribuído à organização criminosa investigada, que utilizaria manifestações populares para obter vantagens pessoais e pressionar instituições.
O ministro destacou que o tumulto causado pela concentração de apoiadores oferecia risco à execução da prisão domiciliar e às medidas cautelares já impostas ao ex-presidente, aumentando a probabilidade de uma tentativa de fuga. Moraes também citou que, em vídeo divulgado por Flávio Bolsonaro, o senador incita o desrespeito à Constituição, às decisões judiciais e às instituições, o que, segundo o magistrado, demonstra a ausência de limites do grupo ao tentar gerar instabilidade no país.
A prisão decretada é de natureza preventiva e não tem relação direta com a condenação de Bolsonaro pelo envolvimento na tentativa de golpe de Estado. Esse processo ainda não transitou em julgado e aguarda prazo para recursos. Moraes determinou que a ordem fosse cumprida sem exposição midiática e sem o uso de algemas, preservando a dignidade do ex-presidente.

